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Mostrando postagens com o rótulo vingança

Inquisições, gulags e cancelamentos

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  Ninguém na terra tem a coragem de ser aquele homem. Jorge Luís Borges – O deserto A primeira condição de uma dialógica cultural, nos ensina Edgar Morin no 4º volume de seu “O Método, é a pluralidade e diversidade dos pontos de vista. Ainda que não sejamos carentes nem de pluralidade e nem de diversidade e, consequentemente repletos de pontos de vista variados, nossa construção social nos imprime um selo na testa (e na alma) que nunca nos permitiu que esse diálogo de fato se efetivasse. Mudam as condições históricas, comportamentais, ambientais e sociais. Muda a dinâmica do poder, mudam as leis, muda até o tão falado zeitgeist. Só não muda o fato de que continuamos a ser uma humanidade dividida entre perseguidos e perseguidores – até os neutros são considerados opressores pelos perseguidos e coniventes pelos perseguidores. Isso quando não somos surpreendidos pelos opressores alegando que são perseguidos, com um discurso vitimista pedindo proteção. Ainda que todas as inquisiçõe...

Uma volta na roda gigante

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As tragédias eram textos teatrais que apresentavam histórias trágicas e dramáticas derivadas das paixões humanas as quais envolveriam personagens nobres e heroicos. Todas elas possuíam uma característica comum: tensão permanente e o final infeliz e trágico. A tragédia clássica deveria cumprir, segundo Aristóteles, três condições: possuir personagens de elevada condição, ser contada em linguagem elevada e digna e ter um final triste, com a destruição ou loucura de um ou vários personagens sacrificados por seu orgulho ao tentar se rebelar contra as forças do destino. Roda gigante (Wonder Wheel), o recém lançado filme de Woody Allen é uma tragédia, na melhor acepção do teatro grego. Ainda que seus personagens sejam pessoas comuns e, em alguns casos, de linguagem nada elevada, a tensão é permanente, o final trágico e o destino dos personagens beira a destruição e a loucura. O filme é sobre escolhas erradas que seus personagens fizeram no passado ou durante a própria história e o efei...

Prato do dia

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Hermógenes sempre gostou de cozinhar. Não era um super chef do Cordon Bleu mas seus pratos sempre fizeram sucesso entre os parentes e os amigos. Um dia, cansado de trabalhar para os outros, resolveu dar seu grito de independência e abrir o seu restaurante. Não era um restaurante qualquer, Hermógenes não queria uma multidão de funcionários nem tinha a pretensão de enriquecer com o negócio. Para ele bastava fazer o que gostava e receber o suficiente para viver de forma confortável. Seu restaurante tinha apenas 6 mesas e não tinha cardápio. Hermógenes se alternava entre o salão e a cozinha. Em cada um tinha um auxiliar para executar as tarefas mais operacionais. O próprio Hermógenes atendia os clientes e, durante a conversa com eles, oferecia os pratos que mais se adequassem a necessidade de cada um. O cliente está faminto? Hermógenes servia uma farta macarronada. Não tinha um estômago muito resistente? Servia a sopa do dia. Queria uma experiência gastronômica única? Hermógenes entregav...

Inimigos íntimos

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Nemésio atendeu o telefone às 3 horas da manhã. Era seu amigo Timeo pedindo que ele fosse imediatamente até a sua casa. Nem perguntou o que acontecera, já fazia idéia. Vestiu-se e foi até a casa da rua Grécia. Encontrou Timeo esperando na porta com um talho na testa de onde escorria muito sangue. Nemésio quis levá-lo para o pronto socorro, mas Timeo se recusou. Precisava se reconciliar com Dona. Timeo Danaos estava casado há 9 anos com Dona Ferentes e, durante todos esses anos tiveram cenas de guerra e de paixão. O motivo mais comum para as guerras eram os ciúmes mútuos de antigos namorados. Dona não podia sequer ouvir o nome de Eneida. Timeo odiava um certo Virgílio que nem sabia direito quem era. Não fora diferente naquela noite. O vôo de Timeo fora cancelado e ele voltou de ônibus do Rio, chegando de madrugada. Por mais que tivesse ligado para Dona, ela não acreditou na história, e o recebeu a golpes de canivete. Cabia sempre a Nemésio, o melhor amigo dos dois, apa...

Uma ova!

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Leon sempre fora apaixonado por Sulana, mesmo sabendo que suas chances com ela eram remotíssimas. É verdade que nunca perdia a esperança. A forma que encontrou de permanecer sempre perto dela foi oferecendo sua amizade, o que ela nunca recusou. Acompanhou de perto todas as suas desventuras com o namorado, um tipo que não dava a ela um átomo do valor que ela merecia. Mesmo assim, nunca tentou tirá-la dele. Preferia tê-la chorando no seu ombro que o risco dela encontrar alguém melhor. Adorava ser o seu protetor. Até o dia em que Sulana praticamente desapareceu. Não telefonava mais, mas respondia os seus torpedos e, pior, nunca mais tinha tempo para um café no meio da tarde. Não demorou muito para ele descobrir o que estava acontecendo. Sulana encontrara um outro homem que a fazia feliz e não queria dedicar tempo senão a ele. Leon tentou se reaproximar de todas as formas, chegando mesmo a irritar Sulana com a sua insistência. Resolveu ser simpático. Chef de um restaurante francês, Leon c...

Cansei!

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Chega! Cansei! A vida inteira me preocupando com as aparências depauperou meus neurônios. Esbugalhou minhas células cinzentas. A partir de hoje serei eu mesmo, doa a quem doer (uma preocupação a menos na minha vida). Essa história de ser romântico é uma farsa. Dá muito trabalho e baixo retorno sobre o investimento. Vou ser apenas o que sou: um cético, um insensível e frio iceberg. Bolsonaricamente, que se lixem as emoções, o que é que eu ganho com isso? Só isso já me livra da obrigação de ler poesia (quanto mais essa necessidade de ficar escrevendo com métrica e rima). Nada mais de Becquers e Benedettis na minha vida. Poe e cummings, literalmente, nevermore. Eu quero a liberdade de só ler o caderno de esportes dos jornais. Além da poesia vou me livrar daquele monte de livros que juntei (e, pior, li um a um) durante a minha vida. Literatura, filosofia, sociologia e arghhhhh até antropologia eu li (como me enganei!...) Vou parar de ouvir música e só vou ouvir rap e funk, isso sim é som p...

O crime do travesseiro

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Francisco achou estranho que tivesse esquecido de trancar a porta de casa. Percebeu, logo ao entrar, que algo tinha acontecido. Acendeu a luz e começou a examinar a sala. Tudo estava no lugar. Muito no lugar demais. Entrou na cozinha, mais uma surpresa. Pia limpa, chão brilhando. Até as marcas de gordura do fogão tinham desaparecido. Correu para o quarto. Um choque. A cama não só estava arrumada como tinham trocado os lençóis. Sua camisa vermelha, que ele sabia ter colocado no cesto de roupa suja, estava lavada, passada e pendurada no cabide. Não acreditava que Lucíola pudesse ter feito aquilo. Era um doce de namorada mas faxina não combinava com ela. Mesmo assim ligou para confirmar. Além de garantir que não tinha feito aquilo, Lucíola ainda teve uma crise de ciúmes. Queria a todo custo saber quem é que tinha a chave do apartamento além dela. Francisco ligou para o zelador, a única outra pessoa que tinha a chave. Ele afirmou que não dera a chave para ninguém, além do que, a sua cópia ...

Sem fumaça

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Rosana ouviu o apito do celular e ficou imaginando quem poderia estar lhe mandando torpedos numa hora daquelas. Não acreditou quando viu que era uma mensagem de Sérgio, perguntando se ela tinha melhorado da dor de cabeça. Até seria uma atitude gentil, não fosse o detalhe que ela estava no quarto e Sérgio, seu marido, estava na sala vendo televisão. Ela não respondeu. Cinco minutos depois o telefone tocou. Era Sérgio querendo saber se ela tinha recebido o torpedo. Quando disse que sim ainda foi obrigada a ouvir a cobrança de que não tinha recebido e depois ia reclamar que ele não se preocupava com ela. Ficou tão brava que desligou o celular e tirou o telefone fixo do gancho. A dor de cabeça piorara e ela queria dormir. Não conseguiu. Dez minutos depois Sérgio apareceu na porta do quarto reclamando que não conseguia falar com ela e só caia na caixa postal. Ela enfiou a cabeça embaixo do travesseiro. Não dormiu, pensando a noite inteira. No dia seguinte dedicou-se à pesquisa de antropolog...

Modelo de amor

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O manequim negro em roupas esportivas era um cara saradão. Barriga tanque Brastemp de 10kg, bíceps musculosos e proporcionais, lábios finos. Rosana, que trabalhava na loja ao lado apaixonou-se pelo boneco. No começo as colegas de trabalho acharam que era só mais um chiste de Rosana. Ela era uma moça brincalhona e esse tipo de piada era bem peculiar dela. Não era. Ela realmente nutria sentimentos pelo boneco, a ponto de tratá-lo por apelidos carinhosos e, não poucas vezes, sacrificar seu horário de almoço para ficar falando com ele. Nos dias em que trocavam a roupa do manequim ela passava o dia suspirando. Sua gerente já andava preocupada, mas reconhecia que seu desempenho como vendedora tinha melhorado muito desde que se apaixonara. Rosana começou a assediar o dono da loja do manequim, queria comprá-lo a qualquer custo. Temendo que o boneco fosse usado na loja concorrente ele recusava qualquer oferta que ela fazia. Ela chegou mesmo a propor-se trabalhar para o dono do manequim se ele o...

Sous plat

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Quando acabou de abrir seus presentes de casamento Rogério olhou desapontado para Marisa. Não tinham ganho o jogo de sous plat que ele marcara em todas as listas de presentes. Marisa sorriu amarelo e disse que depois cuidariam disso. Os anos se passaram e, todas as vezes que Rogério via sous plats nas lojas dizia que ia comprar. Nunca conseguiu. Marisa sempre dava alguma desculpa para adiar a compra. Ora que não tinham dinheiro, ora alegava que recebiam poucas visitas. Mais de uma vez disse que sous-plat era coisa de restaurante, não de casa. Quanto mais adiavam a compra, mais frustrado ficava Rogério. Até pensou em comprar sozinho, mas sabia que a mulher ficaria exaltada se ele fizesse isso. As desculpas se sucediam. Num determinado momento a frustração começou a virar ressentimento. O ressentimento em ódio. Marisa achou que a distância de Rogério era infidelidade. Só podia ter arranjado outra. Começou a seguí-lo pela rua. Um dia viu-o entrando em um flat. Esse deveria ser o ninho de ...

Escola fetichista

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Quando baniu as cinturas gordas da corte, através do decreto lei de 27 de julho de 1550, Catarina de Médicis não imaginava que estaria fundando uma nova escola filosófica fetichista, o corpetismo espartílhico. Também não poderia imaginar que algumas mulheres iriam se atirar no Lago Como, depois de tentarem, sem sucesso, vestir vários modelos de espartilhos e corpetes. Existem suspeitas que, na verdade, muitas delas não cometeram suicídio, mas foram jogadas no lago pelos maridos inconformados com a quantidade de ganchos e botões que tinham de prender todas as manhãs. Foi justamente a quantidade de ganchos que provocou a invenção da vestimenta. Depois de tentar fazer seu filho fugir voando do labirinto que ele mesmo criara, Dédalo foi condenado a se auto-castigar em outra das suas invenções. Até o fim da vida foi obrigado a abotoar e desabotoar o corsete da mulher do rei Minos, três vezes ao dia. Dédalo enlouqueceu com a atividade e o rei ficou livre para as suas escapulidas com outras c...

Assédio automobilístico

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Jonas não admitia que Ana Maria voltasse sozinha para casa. Mesmo quando iam para seus encontros em carros separados ele fazia questão de escoltá-la de volta até que a visse atravessar a porta da garagem do seu prédio. Na primeira vez que isso aconteceu Ana Maria ficou encantada, na segunda achou uma atitude bonita, depois começou a se irritar com o carro de Jonas na sua cola durante todo o seu trajeto e não sabia como dizer isso para ele. Começou a mudar sua maneira de dirigir. Andava mais rápido, mudava de faixas, tentava atravessar os sinais no último momento do amarelo. Tudo para ver se conseguia despistá-lo. Jonas estava sempre tão concentrado no carro de Ana Maria que não se tocou disso. O que ela fizesse à sua frente, ele repetia atrás. Duas vezes foi multado por ultrapassar o vermelho. Nem o dinheiro da multa, nem os pontos na carteira mudaram sua atitude. Até o dia em que Ana Maria se irritou tanto que, ao olhar no retrovisor e notar que, apesar de suas manobras, Jonas continu...

A minha vingança

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Hoje eu vou escrever o que penso sem nenhum tipo de prurido. Aliás, estou com um comichão danado para soltar o verbo de forma que meus desafetos tremam nos seus receptores dérmicos e mucóticos. Quero me transformar no agente irritante de todas as terminações nervosas desmielinizadas. Que cada um de meus êmulos sejam atacados por sensações desagradáveis, especialmente durante a noite quando elas acontecem com maior intensidade. Que a liberação de histamina seja abundante e não se limite à abundância, nem de forma primária, nem secundária. Que o círculo vicioso de prurido-arranhadura altere suas integridades cutâneas. Eu, de minha parte, não vou sequer me ruborizar. Meus inimigos fiéis, que sejais escoriados e despigmentados. Sejam inundados de escabioses sem direito a corticosteróides. Minha vingança será urticária e infecciosa. Quiçá neuropsicogênica E eu quero mais é me coçar de prazer.

Agosto

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Sofia estava emocionada. Nem fazia tanto tempo assim que namorava Alberto, mas lhe pareciam décadas, quando finalmente ele a pediu em casamento. Era o sonho da sua vida. E nem era só o sonho do casamento em si, mas o fato de que ele era o homem que mais se aproximava da sua visão de príncipe encantado. A sua excitação era tão grande que, ela que nunca bebia, aceitou brindar com uma taça de champagne. O que não previa era que ia engasgar no segundo gole. No momento em que levava a taça aos lábios ele afirmou que casariam em Agosto, no mesmo dia que tinham casado seus pais. Voou Veuve Clicquot por toda mesa, até mesmo na gravata de Alberto. Ele apressou-se em socorrê-la. Ela demorou alguns minutos para se recompor fisicamente. Mentalmente se sentia como se arrastada por uma violenta corredeira. Agosto? Ela pensava. Justo Agosto, o mês das assombrações , quando as almas de outros mundos gemem e arrastam correntes. Quando os fantasmas balançam as camas dos que dormem e aparecem pedindo sac...

Conticulóides marítimos

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Marina Quando André a viu andando pelos corredores do shopping num vestido azul esverdeado concluiu imediatamente que aquela era a mulher da sua vida. Sem pensar duas vezes abordou-a. Ela sorriu e lhe indicou o corredor da loja onde ele poderia encontrar uma roupa da mesma cor. Areia José sempre trazia na memória os gritos da sua mãe mandando que ele limpasse os pés antes de entrar em casa, nem esquecia da surra que levou no dia que, fugindo da chuva entrou com os pés enlameados. Por isso mesmo fez questão de ser o primeiro a jogar uma pá de terra sobre o seu caixão. Onda Angélica entrou na banheira e relaxou o corpo na água quase fervendo. Só não percebeu que esquecera a porta destrancada. Quando o zelador entrou junto com a empregada para ver o problema do sifão da pia ela quase teve um ataque e inundou todo o piso do banheiro Rochedos Januário pegou sua moto e saiu desesperado em alta velocidade. Acabara de receber o bilhete de azul de Clara. Pensou em se matar jogando-se de algum p...

A volta de Humhummer

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A notícia se alastrou rapidamente no vilarejo. Humhummer estava de volta à região. As mães saíram pelas ruas em busca dos filhos e, com eles, se trancavam nas casas. Os homens voltaram do campo e se reuniram na casa do burgomestre. Na sua última passagem pela vila, o terrível ogro tinha provocado grandes estragos. Atacava as pessoas, os rebanhos, aterrorizava a todos. Poucos tentaram enfrentá-lo. Os que voltaram tinham feridas na jugular. Sobreviveram, mas nunca perderam as cicatrizes. Dessa vez não havia mais nenhum valente disposto a confrontar o monstro. Pensaram em já separar parte do rebanho e deixar no caminho, de forma que ele se afastasse saciado. O problema é que nenhum criador estava disposto a ceder parte dos seus animais. Cada um só pensava no seu próprio umbigo. O debate na casa do burgomestre só silenciava cada vez que o urro de Humhummer ecoava na floresta perto da vila. Já passava da meia noite e os urros pareciam cada vez mais próximos quando alguém bateu na porta. A m...

Nem às paredes confesso

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Mário era um sujeito com uma vida sólida e tranquila. Desde jovem tinha se estabelecido objetivos e, um a um, tinha alcançado todos. Alcançara sua estabilidade financeira. Formara um patrimônio que lhe permitia viver confortavelmente. Casara com a mulher que gostava. Teve filhas, que já estavam moças e quase independentes. Tinha uma vida muito ativa. Além do trabalho praticava esportes, estudava música e frequentava um clube de discussões literárias. No entanto, apesar de todas essas coisas, ele não era um homem feliz. E ele sabia o porquê. Por mais de 30 anos tentava envolver sua família naquilo que ele fazia e não tinha resposta ou, quando tinha, era pior ainda pois só desvalorizavam seus méritos. Passou a falar cada vez menos. Quanto menos falava, mais inconformado ficava, uma vez que ninguém se dava conta disso. Ele até entendia as filhas, estavam moças e tinham outras preocupações. Mas jamais entendeu como é que a mulher o ignorava daquele jeito. Exceto no dia em que ela chegou em...

Conticulóides bizarros

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Provador Helena era tão tímida que até para experimentar sapatos na loja ela ia para o provador. Um dia descobriu que circulava na Internet um filme seu trocando de roupa numa loja de lingerie. Teve uma crise de vergonha que demorou dias. Quando passou, comprou um vestido transparente, vestiu-o sem roupa de baixo e foi passear na avenida Paulista. Literatura Todo dia Mário ligava para Ana, sua amiga que morava em Amsterdã para lerem um soneto de Shakespeare. De cada lado da linha eles liam o poema do dia, cada um no seu exemplar do livro. Momentos de silêncio preciosos demais para os dois. Culinária No dia que Rosana foi para a cozinha ela resolveu fazer um bolo de morango decorado com chantilly. Detestava o fogão, mas quando percebeu que poderia usar a cobertura para declarar o seu amor sem que ninguém percebesse, exceto ele, virou a melhor confeiteira da família. Atenção Bertoldo estava prestes a ser o primeiro brasileiro a ganhar o campeonato mundial de bobsled. Tinha feito os melho...

Desaforismos intransigentes

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Na dúvida, assuma a culpa. Não é justo, mas dá menos trabalho. A luz do teus olhos é o farol da minha alma Amor aos pedaços, só como doceria, o meu eu quero inteiro Escolha as palavras, antes que um aventureiro o faça contra você. Amizade é valorizar a realização do outro. Um palavrão bem colocado, às vezes vale mais que uma ode na hora errada Saudade só faz mal para quem não a sente.

A teia

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Edgar já estava embrenhado há semanas nas cavernas da mata Atlântica. Dedicava-se a pesquisar os diversos tipos de aranhas existentes no Jacupiranga. Na verdade, depois de recolher exemplares de várias espécies, fotografar e catalogar outras, já pensava em encerrar seu tempo selvagem e voltar para a universidade para começar a escrever seu trabalho sobre seus estudos. Juntou suas mochilas com todo o seu material e começou a caminhada de volta. Uma chuva mais forte o obrigou a parar um bom tempo e, quando notou já estava anoitecendo. Teria de passar mais uma noite na mata. Não muito longe de onde estava avistou a boca de uma caverna. Não parecia ser das maiores, mas o suficiente para abrigá-lo naquela noite. Entrou, procurou vestígios de algum animal para se certificar de que não estava invadindo o espaço de alguém. Parecia tudo tranquilo. Descarregou a mochila onde estava seu saco de dormir, se instalou no lugar, comeu apenas algumas bolachas para não ter de abrir o saco de provisões ...