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A mesocrática antologia do bimestre

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Mensagem Mais uma edição encaropitável dos mais abcessos comentários do bimestre. Não tente descobrir a origem da frase, crie a sua própria versão insana até a insônia parece ter um novo sentido!!! pelo fato de girarmos de modo insistente em torno de nossos proprios umbigos nunca deixe um insano sozinho... Insonia pode deixar o ser humano com vontade de ler dicionário! sou eu quem esta passando pela vida sem o correto funcionamento das sinapses vão vender mostarda apenas com retenção da receita... Tenho mostarda em casa... vou tentar! Em verdade vos digo: o Marcondes não existe, é ficção!!!! você começou a estudar o cirilico.... o que fez meu casamento era um "analfabeto". O juiz que me casou tava bêbado e cegueta, além de ter quase 100 anos e usar fralda descartável. os buracos negros carregam grandes mistérios e dos bons! Vou me atirar no primeiro buraco que encontrar Tem mais é que levar peteleco. Não seria mais fácil ela dar aqueles beliscões afetivos?? Tô cheia de ver ge...

Uma ova!

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Leon sempre fora apaixonado por Sulana, mesmo sabendo que suas chances com ela eram remotíssimas. É verdade que nunca perdia a esperança. A forma que encontrou de permanecer sempre perto dela foi oferecendo sua amizade, o que ela nunca recusou. Acompanhou de perto todas as suas desventuras com o namorado, um tipo que não dava a ela um átomo do valor que ela merecia. Mesmo assim, nunca tentou tirá-la dele. Preferia tê-la chorando no seu ombro que o risco dela encontrar alguém melhor. Adorava ser o seu protetor. Até o dia em que Sulana praticamente desapareceu. Não telefonava mais, mas respondia os seus torpedos e, pior, nunca mais tinha tempo para um café no meio da tarde. Não demorou muito para ele descobrir o que estava acontecendo. Sulana encontrara um outro homem que a fazia feliz e não queria dedicar tempo senão a ele. Leon tentou se reaproximar de todas as formas, chegando mesmo a irritar Sulana com a sua insistência. Resolveu ser simpático. Chef de um restaurante francês, Leon c...

A paixão calculada

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Apesar de ter um livro de poemas ditos "eróticos" (na minha opinião, poucos o são), Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos mais insinuantes poema da língua portuguesa, " A paixão medida ", um hino de louvor à métrica grega e latina. Eu me atrevo a provocar Drummond (desafiá-lo), através da matemática. Afinal de contas, a paixão pode ou não ser calculada? A paixão calculada Matemática te amei, com ternura contínua e gesto variável . Tuas abcissas às minhas com força entrelacei. Em dia logarítmico , o instinto multívoco rompeu, radiano a porta vetorial . Gemido colinear entre breves tangentes . E que mais, e que mais, no crepúsculo integral , senão a quociente lembrança de trigonométrica , da algébrica , incalculável delícia?

Quatro estações

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Para ler ouvindo as 4 estações de Vivaldi ou as 4 estações de Piazzolla, ou ambas. Ele nasceu no inverno, ela no outono, ele sofria no verão, ela odiava o frio. Ela o viu a primeira vez no inverno, ele, na verdade, nem reparou muito nela. Ele a reviu no outono seguinte, ela nem notou sua presença. As estações se sucederam sem que tivessem muito contato. Um inverno de relacionamento. Reencontraram-se num fim de primavera, mas não conversaram até o final do verão. No outono as folhas caiam enquanto a amizade frutificava. Inverno, primavera, verão... Então ele teve um outono quente. Ela teve um inverno acalorado. A primavera os acolheu com suas flores e perfumes. O novo verão os fundiu em seu calor. Amalgamaram-se no outono gelado. Solidificaram-se nos rigores do inverno. Amaram-se eternamente até o final de todas as estações.

O baú do Noé

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O baú do motoqueiro trazia em letras garrafais " Entregas Arca de Noé ". Claro que, naquele momento, em meio ao trânsito caótico de São Paulo, todas as piadas possíveis passaram pela minha cabeça (nada como um bom congestionamento para tirar a mente da ociosidade). Surgiram à minha frente motocicletas flutuantes, especialmente desenhadas para os dias de enchentes e alagamentos. Imaginei que poderia ser uma empresa especializada em transporte de animais (somente em casais, é óbvio), mas não consegui imaginar um par de rinocerontes sobre uma moto 125cc. A sede da empresa, a meu ver, deveria ser na rua Monte Ararat em Osasco, mas me enganei, eles estão instalados na zona oeste de São Paulo, perto do Rio Pinheiros, o que facilita a navegação. Não faço a menor idéia se o Noé dos motoboys também tem uma lojinha de vinhos, espero que, mesmo tendo, não forneça para os seus funcionários, nem que beba em serviço, seria uma maldição do Cão.

Cumpleaños

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Buenos Aires, uma terça feira de manhã de um 30 de Maio do século passado. Uma menina nasce, pequena e linda. Nasce para amar e ser amada. São Paulo, uma segunda feira de manhã do dia 30 de Maio do 11º ano desse século. Uma menina se levanta, pequena e linda. Vive para amar e ser amada. Dias, meses e anos se passaram entre um 30 de Maio e outro. Viagem de navio, estudos por lá e por aqui. Muito trabalho. Filhos. O coração sempre cheio de poesia e de paixão. Encontros, desencontros, alegrias e tristezas, surpresas e decepções. Uma vida, enfim, como a vida é. Assim como a de muitos, assim como a minha (tirando, talvez, a imigração). E minha vida, à espera da paixão e da poesia, um dia, a encontrou. Pequena e linda. Para amar e ser amado por ela. Hoje, no primeiro aniversário seu, desde que estamos juntos, eu quero agradecer. Agradecer por aquele 30 de Maio em Buenos Aires. Agradecer pela viagem de navio para o Brasil. Agradecer pela sua busca de paixão e poesia. Agra...

Árvore tombada

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Um velho questionamento filosófico , totalmente antropocêntrico e sem nenhuma lógica do ponto de vista da física, questiona caso uma árvore caia na floresta e não houver ninguém próximo se o som da queda existe de fato. A questão vem à minha mente quando olho para essa insanidade estática que é o blog. Se eu publicar um texto e ninguém souber disso, o texto existe? Claro que essas dúvidas só surgem quando eu estou escrevendo às 2 e meia da manhã ouvindo Duke Ellington tocando Prelude to a kiss. De qualquer forma, como eu sou um ser que acredita na validade dos testes, mesmo não concordando integralmente com os empiristas, resolvi fazer essa experiência. Esse texto não será divulgado nas redes sociais nem por e-mail para os meus amigos e inimigos. Eventualmente, como cito termos que são objeto de buscas nos gugols e bings bangs da vida virtual, algum desavisado acabará, fatalmente, caindo aqui e se aborrecendo com a imensa inutilidade que vai encontrar. O Rubicão está à m...

Insânia

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Ana Maria, nem mesmo ela sabia o por quê, começou a sofrer de insônia. Custava muito a dormir e, quando finalmente conseguia, dormia muito pouco pois levantava todos os dias às 6 da manhã. Depois de semanas de noites mal dormidas seus neurônios começaram a ratear. Logo na primeira aula do dia pediu para um aluno conjugar o verbo olhar no presente do conjuntivo. O garoto, bem humorado, perguntou se ela ia dar aula de biologia ao invés de português. Sem perceber a piada, mandou o moleque parar com aquele ironismo e responder a pergunta. Na aula seguinte, para a turma do ensino médio, falou que a prova seria só de análise sináptica. Um engraçadinho não perdeu a chance e classificou uma das frases como uma oração assindética inibitória. Quando chegou na sala dos professores na hora do intervalo, reclamou com os colegas que os alunos estavam muito perifrásticos. Ninguém entendeu nada, mas a coordenadora questionou o que estava acontecendo. Ao ouvir o relato da professora d...

Trilha aromática

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Todo mundo costuma ter uma trilha sonora. A música do primeiro beijo, dos momentos mais marcantes de amor, do casamento. Menos André. André tinha uma trilha aromática. Nunca esqueceu o cheiro de suco de laranja com beterraba dos tempos de bebê. Nem do primeiro pão de queijo na cantina da escola. As lembranças de sua mãe rescendiam a alho e azeite, onipresentes na sua culinária. Do seu pai o forte cheiro de café que ele fazia todos os dias de manhã. Todos os grandes eventos da sua vida estavam associados ao perfume de algum alimento. Para o bem e para o mal. Trazia vivo na memória o cheiro do palmito que sua mãe cozinhava quando o pai lhe deu a primeira surra. Nunca mais conseguiu comer um pedaço sequer. Conheceu Marina numa festa de aniversário, apaixonou-se à primeira vista devorando um brigadeiro, para ele, o verdadeiro cheiro da paixão. O primeiro beijo, no sofá da sala da menina, ficou para sempre com a lembrança do molho de tomate que a futura sogra cozinhava. Sua boca salivava ap...

Obrigado

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Grazie perche é uma canção de 1983 que fez sucesso em italiano na voz do grande Gianni Morandi (o mesmo de C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones), um sujeito que está na parada de sucessos desde 1962. A traição/tradução (da versão italiana) é totalmente livre e inclui algumas pequenas alterações na letra original. Se quiser ouvir a música, clique aqui Obrigado porque Estava ao meu lado Antes de ser minha Porque queria um homem um amigo Não um escudo junto a você Obrigado por trilhar Sua estrada Cheia de pedras Como a minha Obrigado porque Mesmo distante Estendo a mão E encontro a tua Eu, como tu, vivia confuso de contos de fadas Não preciso mais Obrigado porque Me fez saber Que não posso voar Sem ter você O meu repouso é nos teus olhos E com teu olhos Posso enxergar Obrigado porque Mesmo distante Estendo a mão E encontro a tua Contigo sempre é primeira vez Não há mais medo junto de ti Obrigado porque Não estamos sós Não estamos sós Uma vida nova Não me ass...

O segredo

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Marcondes era um homem sensível. Sensível demais para alguns que não o consideravam tão homem assim. Gostava de ler poesia, de assistir filmes românticos e se desmanchava em lágrimas ao ouvir os trios de Schubert. Era adorado pelas mulheres, ainda que nenhuma delas nutrisse nenhuma esperança por ele, o viam apenas como um ótimo amigo. Ninguém nunca esperou que ele surgisse com alguma namorada, até porque criam que ele guardasse alguma dentro do armário. Quando ele falava a respeito da busca do amor verdadeiro, da sua idealização da mulher perfeita, todos achavam que era puro exercício de retórica. Não era. O choque foi geral no dia em que ele apareceu de mãos dadas com Antonia. A mulher dos sonhos de qualquer homem. Os mais céticos concluiram que aquilo era apenas jogo de cena, cortina de fumaça. Os mais realistas percebiam a forma como eles se olhavam, apaixonadamente demais para ser só uma encenação. Os homens discutiam o que é que Marcond...

Casamento grego

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Antonio já era professor de matemática num colégio particular há alguns anos quando descobriu que qualquer pessoa alfabetizada e com documentação em ordem poderia ser juiz de paz. Não teve dúvidas, se candidatou ao cargo, foi eleito e assumiu os casamentos do seu distrito, no cartório do bairro cujo tabelião tinha sido seu colega de escola. A diferença de Antonio para outros juizes de paz é que ele fazia questão de conversar com os nubentes alguns dias antes da cerimônia. Bom analista da alma humana, ele identificava nos noivos se o casamento era por amor ou não e quanto que iria durar. Tão bom que, no decorrer dos anos, o tabelião começou a tabular as datas de casamentos e divórcios dos noivos de Antonio. A margem de erro era quase nula. Como matemático, começou a atribuir código que apostava junto à sua assinatura nas certidões de matrimônio, todos em letras gregas. Casais equilibrados e sensatos recebiam de Antonio o Σ . O casamento tinha qualidades qu...

Viver o grande amor

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Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor. (Vinicius de Moraes) Mais que canções, mais que poesia para viver um grande amor Mais que orquídeas ou bombons de cereja, para viver um grande amor Mais que palavras, muito mais que palavras. É preciso paixão que não se acaba É preciso paciência nos contratempos É preciso coragem. Mais que confiança, é preciso entrega Mais que crenças, é preciso certeza Mais que sinceridade, é preciso transparência Ao fim e ao termo, só se vive o grande amor quando se encontra a grande amada. Mesmo quando ela é bem pequenininha. E só se vive o grande amor, se ela amar na mesma desproporção arrebatadora com a qual é amada. Obrigado meu grande amor. Primeiro e último. Desde sempre e para sempre.

O buraco

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Alice se aproximou vagarosamente e olhou para dentro dele. Não conseguiu enxergar o seu fim e, por isso mesmo, temeu aventurar-se tomando um destino não previsível. Ao mesmo tempo não conseguia sair do lugar. Como se a profundidade e a escuridão lhe fossem um imã incontrolável. Meditou sobre as escolhas da vida e creu que, se ainda estava sã, era por se manter à margem de qualquer risco. Não percebia que a sanidade estava no fundo do buraco e não fora dele. Questionava-se sobre o preço a pagar pela ousadia de pular no abismo. Haveria retorno razoável para uma atitude daquelas. O tombo traria lucro ou prejuízos? Como em qualquer investimento, o risco alto também trazia grandes retornos. Descontroladamente entregue a ele, ela se lançou. Para o incômodo dos outros, sua vida tornou-se uma maravilha.

O que os olhos não vêem

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Ernesto sempre admirou as mulheres. Adorava observá-las em todos os lugares onde estava, num nível de detalhes que não lhe era sempre possível externar. Fazia isso quase que como um esporte, sem nenhuma intenção adicional. Até o dia em que, reparando nas colegas de trabalho, percebeu que Sônia era especialmente bonita e atraente, além de manter uma elegância impecável. Apaixonou-se. Não demorou muito para que começassem a namorar. Ernesto, que não era bobo, refreou seus instintos voyeurísticos. Não que tivesse deixado de olhar as mulheres, mas procurava ser o mais discreto possível e, claro, guardava seus comentários para si mesmo. Sônia, que conhecia sua fama, não queria reprimí-lo totalmente. Aos poucos foi deixando o namorado mais à vontade, inclusive trocando comentários sobre as mulheres que viam. Ernesto relaxou e, sem perceber, voltou a olhar acintosamente para todas as mulheres, mesmo quando estava com Sônia. Um dia, num café, Sônia não se conteve...

A paregórica antologia do bimestre

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Como tenho publicado menos, também é menor a quantidade de comentários. Por isso a antologia é, novamente, bimestral. Caso você seja novo por aqui a lógica insana é a seguinte: leia os comentários escolhidos sem se preocupar com o texto original e imagine você mesmo o que foi que aconteceu. Divirta-se caramba! Me encheu de idéias.. vou comprar um escorredor de talheres... Deve ser uma alma penada tentando ir pro céu!.... apesar de me parecer em grego Melhor uma cena com um quadro assim hum...eu tô sentindo um clima.. eu sempre apostei no poder do alho.. ...huuum: ahm ham...Ok! eu sempre digo que foram os "duendes Será que meu marido tem mesmo olhos verdes? precisamos estudar a fundo essas amoras devemos nos afastar da calota polar e não derrubar cerveja na roupa Melhor o guaxinim engordar do que a princesa. Cuidado com quem te convida para comer jabuticaba no pé tem um não sei o que de etéreas possiblidades quando venho fico horas... O que a calça estava fazendo lá? eu me aqueci.....

Cansei!

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Chega! Cansei! A vida inteira me preocupando com as aparências depauperou meus neurônios. Esbugalhou minhas células cinzentas. A partir de hoje serei eu mesmo, doa a quem doer (uma preocupação a menos na minha vida). Essa história de ser romântico é uma farsa. Dá muito trabalho e baixo retorno sobre o investimento. Vou ser apenas o que sou: um cético, um insensível e frio iceberg. Bolsonaricamente, que se lixem as emoções, o que é que eu ganho com isso? Só isso já me livra da obrigação de ler poesia (quanto mais essa necessidade de ficar escrevendo com métrica e rima). Nada mais de Becquers e Benedettis na minha vida. Poe e cummings, literalmente, nevermore. Eu quero a liberdade de só ler o caderno de esportes dos jornais. Além da poesia vou me livrar daquele monte de livros que juntei (e, pior, li um a um) durante a minha vida. Literatura, filosofia, sociologia e arghhhhh até antropologia eu li (como me enganei!...) Vou parar de ouvir música e só vou ouvir rap e funk, isso sim é som p...

Reencontro das águas

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Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi. (Gênesis 1:7) Sobre o mar, ondas Brancas virando cinzas virando azuis virando negras Virando suas águas sobre o mar Sob o céu o mar imenso Verde virando azul virando espuma virando vapor Virando de volta água nas nuvens Como nuvens sobre o mar Todo dia se enche de amor Meu coração Derramando-se sobre o meu mar que é você Como mar sob o céu Todo dia devolve o amor Seu coração Evaporando-se para a nuvem em que o recebo Como mar Como nuvens Eterna comunhão das águas Como você Como eu Eterna comunhão do amor Imagem : detalhe de quadro de Virginia Susana Fantoni

Absinto

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Ela comia os meus corações com mesóclises enquanto descia pelo meu esôfago o doce árabe calafetado. Súbito, seu cúbito veio ao encontro da minha mão esquerda, enquanto suas saboneteiras vinham de encontro a meus lóbulos flamejantes. A multidão, disposta a corroer garatujas, aglomerava-se para observar a cena. Nem patrocínio, nem mecenas de Micenas garantiam nada em caso de sinistros. Levantaram-se-me minhas pálpebras com um ligeiro movimento pseudopático. Livrei-me das inconvenientes lantejoulas do seu vestido obnubilado de prismas hematófagos. Estava a ponto de interromper tudo, pois não me agradava a audiência desqualificada, quando um bando de gralhas asininas avançou vorazmente sobre a caterva, consumindo-a à vinagrete. Um consommé. Ela me olhou com seu olhar tórico, sempre sedutor e, sem mais astigmatismos, sucumbimos em rompantes glaucos.

Rio das pedras

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Victor parou diante do quadro que estava na entrada da exposição. Uma paisagem onde uma corredeira atravessava a floresta de tons outonais. De um ponto de vista a água parecia correr da base para o topo do quadro. De outro ângulo teve impressão que corria no sentido inverso. Começou a se movimentar em torno do quadro. Dava alguns passos. Parava. Mais alguns passos. Parava de novo. De repente notou que uma mulher o observava. Ficou sem jeito e já ia entrar para ver o resto da exposição quando ela o interrogou: " - Pelo jeito você gostou da pintura..." " - Sim, sim, muito. É um quadro muito bonito. E enigmático. " - Enigmático? Acho que nunca ouvi essa expressão a respeito dos meus quadros." " - Ah! Você é a pintora? Posso te fazer uma pergunta?" " - Claro, se eu souber responder..." " - A direção do rio... ele está subindo ou descendo?" " - Que impressão que teve?" " - Não sei. Em alguns ângulos subindo, em muitos ou...