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Mostrando postagens de outubro, 2014

O discurso canalha

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“O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.” Nelson Rodrigues Desde os primórdios o homem se recusou a assumir os próprios erros. Adão disse que foi a mulher, Eva disse que foi a serpente. A serpente não tendo a quem empurrar a culpa saiu rastejando, mesmo porque não podia nem apontar o dedo nem enfiar o rabo entre as pernas por questões anatômicas. Time que perde o jogo faz a mesma coisa. Diz que a culpa é do juiz. Da torcida. Dessas regras que inventaram e, se não sobrar para mais ninguém, a culpa é do vendedor de cachorro quente no estádio que gritou mais alto na hora do chute e distraiu o goleiro. Todos são perfeitos. Todos são maravilhosos. Todos são irrepreensíveis. Como admitir, diante dessa grandeza e maravilha, que o adversário foi melhor? Claro que deve ter acontecido alguma coisa estranha. E a coisa estranha só pode ter origens exógenas ao ser impecável. Roubo, fraude, má fé, estelionato e outras desonestidades quaisq

Males aleatórios

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Paramécio sofria de cibercondria, uma doença cada vez mais comum nos meios digitais. Não havia notícia, meme ou post que não o levasse para a cama com todos os sintomas mencionados na Wikipédia ou site do Dr Dráuzio. Uma tarde, o paranoico paramédico digitou uma palavra incorretamente e foi parar num glossário de estatística. Não entendeu nada e ficou apavorado, o que é que isso significaria na sua vida miserável e doentia? Resolveu consultar todos os seus amigos médicos e todos os sites de saúde com a seguinte mensagem: Doutor, Preciso da sua ajuda. Estou sofrendo de uma enfermidade misteriosa que não é mencionada em nenhum compêndio médico digital. Não sei se esta patologia é fatal ou se não é o caso de formar uma junta médica para me examinar e, quiçá, me recomendar algum centro de estudos no exterior. Tenho tido dores nos quartis com muita frequência, existe a probabilidade que eu esteja com a mediana inflamada, o que pode se configurar num qui-quadrado fora de