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Mostrando postagens de setembro, 2012

Im- previsões

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Davam-se como o vinho e a toalha de mesa (Fabrício Carpinejar) Ninguém entendeu quando ele entrou à esquerda ao invés da direita. Não era aquela a direção que os levaria de volta para casa. A irmã perguntou o que é que ele estava fazendo, ele disse que estava indo até ali. Mistério. A namorada olhou para ele com um misto de curiosidade e cumplicidade. Poderia até não saber das suas intenções mas confiava no que ele fazia. Ele poderia até ter a intenção de surpreendê-la, mas sabia que era algo que beirava a impossibilidade absoluta. Além de nunca terem tido segredos entre eles eram tão parecidos que algumas vezes se assustavam com isso. Pegou outra rua que levava em direção oposta à da casa. A irmã se inquietava a cada nova troca de rota. Ela e o cunhado tinham sido convidados para um almoço, algo comum desde que o irmão e a namorada moravam juntos. Ele parou o carro num estacionamento. Pediu para todos descerem. Caminharam meio quarteirão e entraram no cartório. Só a irmã e o cunhado

Um sonho. Uma traição

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Mensagem Já fazia um certo tempo que eu não traía alguém por aqui. Hoje eu não resisti. Se quiser ouvir uma linda versão declamada, clique aqui Um sonho Essa noite eu sonhei que sonhava com você Da janela, através do jardim, te admirava se desnudando Um traje de entardecer púrpura tecido em seus cabelos Aquela rosa estrangulada em cachos de ébano Movendo-se na luz amarela do seu quarto. O ar úmido de sons O ganido distante de um cão ferido E o chão bebendo de uma torneira mal fechada Sua casa é tão suave que desaparece sob o atro calor do verão Uma luz se apaga. A porta se abre Um gato amarelo corre sob o facho de luz em direção ao quintal. O aroma amadeirado da cerejeira exala pelo ar Ouço sua risada espumante Você leva duas orquídeas lavanda Uma no cabelo, outra na cintura Uma cadeia de luzes amarelas   chocantes vem com o crepúsculo Circundando o lago com um halo gotejante Ouço um banjo tocando tango E você dança à sombra do negro tu

As gêmeas

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Mensagem O pai era um fumante inveterado, a mãe tinha uma compulsão paranóica em relação a traças.   Apesar disso todos se chocaram quando as gêmeas nasceram e receberam os nomes de Nicotina e Naftalina. Tanto que o escrevente do cartório exigiu uma declaração do pai assumindo a responsabilidade pelos nomes.   O padre recusou-se a batizá-las. A mãe foi se queixar com o bispo. De nada adiantou. Só receberam o sacramento porque encontraram uma paróquia dissidente da igreja, cujo sacerdote topava qualquer parada.   Os familiares acabaram por chamar as meninas de Tina e Lina, o que não as poupou de todo tipo de gozação quando foram para a escola. Cresceram revoltadas com a situação e nunca perdoaram os pais pelos constrangimentos que passaram.   Tina acabou tornando-se uma extremista radical anti-tabagista, mas sempre foi vista de forma suspeita dentro do movimento. Os líderes do grupo reconheciam que era impossível promover a causa tendo como militante a