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Mostrando postagens de novembro, 2008

Baladas no fogão

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Claro, você já percebeu pelo horário das publicações que eu sou coruja mesmo. Funciono melhor de madrugada do que de manhã. Meu sono segue rigorosamente a lei da inércia. Quando estou acordado, tendo a continuar acordado. Em compensação, depois que durmo... costumo dizer que eu me levanto às 7, mas só vou acordar depois das 9. No intervalo sou, literalmente um zumbi. Ultimamente dei para cozinhar de madrugada. Acabo a minha lide virtual e vou para o fogão ou, pelo menos, para a pia temperar algo para o dia seguinte. A família não costuma reclamar, desde que eu não invente de usar o liquidificador. Se bem que outro dia minha mulher levantou dizendo que tinha sonhado com molho de tomate e qual não foi sua surpresa ao encontrá-lo pronto em cima do fogão. Amanhã vai ser dia de fraldinha. E não é dos meus filhos que já passaram dessa fase e agora ao invés de usá-las devoram-nas A carne foi temperada com flor de sal e pimenta do reino. Num recipiente à parte misturei salsa, cebolinha, louro

Hai Kais em Camelot

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Arthur Espada na cinta Amor lançado no chão Inverno real Guinevere Seus cachos dourados contrastando o mar de jaspe Brilham no meu céu Lancelot Nunca fui herói Exceto aos olhos da amada que me é rainha Galahad Só os puros podem lhe alcançar o coração missão natural Excalibur Poderes brutais Levaram-me ao seu dossel Plena primavera * Haikai (Haïku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, surgida por volta do século XVI, que valoriza a concisão. O haikai é a arte de dizer o máximo com o mínimo. Cada haikai capta um momento de experiência, um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida. O grande mestre haikaista foi Matsuô Bashô (1644-1694). É um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, com dezessete sílabas poéticas (sendo cinco no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro), e com uma referência à natureza expressa por uma palavra (o chamado kigô), que deve re

Síncope amorosa

Síncope procuramos procuramos procuramos encontramos infinitos becos apagamos infinitos beijos voamos infinitos brejos precisamos precisamos precisamos desvendamos inocentes votos desdenhamos inclementes vates desenhamos insolentes vácuos choramos gritamos dançamos o tema o lema cinema a prova aprova deplora deflora o sonho parecemos parecemos parecemos brilhantes cores instantes dores amores

Nossa (??) língua portuguesa? O retorno

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João era ladino desde bacuri. Nunca dava trela para panca marrudo nem fazia picuinha por meia-pataca. Mesmo sendo um caboco do cafundó não costumava se estorvá. Na roça era um pé-de-boi, nem fastiava nem se metia em fuá. Punha a fuça na enxada, que não dava para ganhar os tufos. Um dia, avuado, deu um tropicão e se arranjou um unheiro de trincá, quase ficou zambeta. Mas ficar em casa como pata-choca não ornava com ele. Antes que batesse a gastura e acabasse numa sororóca, mandou chamar o boticário da vila, uma mistura de charlatão com curandeiro. O janota chegou desgueio, carregando um emborná e um jacá cheio dos trem. João, acabrunhado, contou que tinha feito uma bestagem pros lado da grota, que parecia um quebranto no cambito. O facultativo do arraiá achou que era xurumela, e começou a relá, entre um trelê e outro, até que mexeu no táio e João soltou os cachorros : "- Quá ! ocê num tá vendo que eu tô escangaiado ? Já vai fincando...módequê ? O farmacêutico se acoitô e quase deu

Conticulóides minimalistas

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Lembrança tênue Quando Fernando chegou em casa naquela noite só encontrou um fio de cabelo no chão do banheiro impecavelmente limpo. Armários, gavetas e penteadeira, tudo estava vazio. Descobriu que, dessa vez, Carolina tinha falado sério. Brilho Henrique nunca deu muita bola para cor de olhos. Oftalmologista, sabia que era apenas uma questão de pigmentação. Até o dia que, enquanto examinava uma das suas pacientes começou sentir tonturas. Dois meses depois estava casado com Íris. Queratina Carla entrou no salão de beleza avisando que precisava de um serviço impecável. Naquela noite seria apresentada à família de Rafael e não podia errar em nenhum detalhe. A manicure, depois de quase duas horas de trabalho recomendou : use sapato fechado, você é a primeira pessoa que eu conheço que rói as unhas do pé. Melanina Antonia gostava de usar roupas que deixassem os seus ombros nus. A pinta redonda e perfeita no ombro esquerdo era o seu orgulho, além do que a usava como instrumento de sedução.

Ao infinito, e além

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Dizem os italianos que "traduttori traditori" - Tradução é traição. Traduzir decassílabos da língua que me acusa de traição é muita petulância : vindo de um insano, tudo é possível. Considerando que o poeta era, ele mesmo, um exímio tradutor/traidor, tenho certeza que não virá me puxar os pés à noite. O infinito Giacomo Leopardi Sempre querido foi o ermo monte Este arbusto, que de todas as partes Do último horizonte, levo aos olhos Sentado, olhando, infindável espaço além dela, sobrehumano silêncio Em calma e paz profunda quietude Finjo que penso, por muito pouco* Não me para o coração. Com o vento Ouvindo o murmurar triste das folhas De infinito silêncio vem a voz Tudo comparo, vejo a eternidade Mortas estações. Viva, esta presente, com os seus ruídos. Face à imensidão meu pensamento suavemente afunda É doce naufragar neste oceano. Versão original L'infinito Giacomo Leopardi Sempre caro mi fu quest'ermo colle, E questa siepe, che da tanta parte Dell'ultimo orizz

Onomatopaixão

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Há algum tempo publiquei um poema dadaísta do Samuel . Seguindo os passos do meu filho, ofereço agora a minha versão pessoal, diferentemente dele, não inclui as legendas que eu deixo por conta da imaginação de cada leitor: Flic, flic, flic...pá ! Flic, flic ? Flic ! Zóóóim. Pum ! Bzzz, bzzz, flic, bzzz Uóck, smóck, uuuóóóck sss...hum, uock, humm ã ã, á , ú, humm, á, á, á Uauauauau. Aúúú uó..ck, uó...ck, uó... zzzzzz

Nós somos os maiores

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Toda cidade precisa ter algo onde é a maior, para contar isso para os turistas. A referência é sempre quantitativa, nunca qualitativa. Não tem a menor graça dizer que uma atração é a maior da cidade. Maior do estado também não chega a emocionar os guias. No mínimo precisa ser a maior do Brasil. se for da América Latina é um plus a mais adicional. Quando é a maior do mundo é a glória. Em Recife fui apresentado à maior avenida em linha reta da América Latina (sic). Fiquei pensando qual deve ser a maior em linha curva...será a Av Sapopemba ? Imagino que o turista clássico deva adorar esse discurso ainda dizer : ohhhhh. Daí resolvi criar o meu roteiro paulistano: Começaria mostrando o maior canal de esgoto a céu aberto da América, formado pelo eixo Tietê-Pinheiros. Claro que para chegar nele, seria obrigado a passar pela maior concentração de congestionamento da América Latina, pelo menos 100km de vias congestionadas nos dias de trânsito light. O clima mais imprevisível do hemisfério sul

Contículo Prosopopéico

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Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara. Sem uso, Ela nos espia do aparador. Drummond Quando a lua me disse que se recusaria a brilhar naquela noite imaginei que ficaria naquele frio inteligente até o galo cantar. Olhei para o peixinho que, silencioso e levemente melancólico lembrava dos seus rios carregando as queixas do caminho. Ele me olhou com desdém quando o sofá me acolheu e peguei uma antiga versão do Morro dos Ventos Uivantes. Na cabeça a canção, a lua, tal qual a dona de um bordel, pedindo brilhos de aluguel às estrelas desnudadas. No telhado do vizinho, os morcegos faziam a ronda habitual e os grilos, como numa mesa redonda, discutiam os destinos do mundo. O longo braço das nuvens retinham os ventos. E nada de lua. A essa altura da noite apenas os murmúrios do relógio da sala me mantinham acordado. Foi quando o telefone me chamou. Quem poderia ser aquela hora ? Algo importante ou um engano prosaico ? Era ela. O maestro dos grilos levantou a batuta para uma paus

Saindo pelo cano

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Mais de uma vez eu fiz dieta. Todas elas com acompanhamento médico e sempre evitei as bombas químicas que aceleram o processo. Conheço bem o meu metabolismo e o método mais eficiente sempre o foi a dieta do zíper atlético, ou seja, a combinação de boca fechada com atividade física. Conheço pessoas que já fizeram todas as dietas da moda. Passaram dias tomando sopa ou shakes. Em outros momentos tinham cardápios de acordo com a fase da lua (a Cecília Meirelles tinha fases amorosas, essas dieta induz a fases nutricionais). Tentaram aquela de só ingerir proteínas. Depois a outra onde se come tudo, menos proteínas. A do médico americano, a do endocrinologista russo, e até a da nutricionista de Galápagos (também conhecida como dieta Rapa Nui). Nenhuma delas funcionou como a minha nova descoberta dessa semana. Em 6 dias perdi quase 2 kg, sem fazer nenhuma escolha direcionada de alimentação. Foi a dieta do canal. Eu poderia ficar rico com a fórmula, mas como um sujeito generoso, deixo abaixo a

Trucidando analogias

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Tema : Os fins não justificam os meios Variações: Pitanguis reformam os seios Cavalo bravo não aceita arreios Passarins com seus gorjeios Amor, mais que meros galanteios Nem tão bonitos nem tão feios Air bags não dispensam os freios Não tem e-mail use os correios Pessimista não tem anseios

O assassino do biotério

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Para Lucila e seus roedores de estimação Maria e João, professores da universidade, eram os responsáveis pelo biotério. Lá eram os encarregados de reproduzir e manter animais de laboratório destinados às pesquisas da instituição. Apesar do asco de alguns colegas, especialmente aqueles que se dedicavam somente às plantas e levantavam argumentos éticos contra a pesquisa com animais. João e Maria nutriam uma paixão pessoal pelos seus Rattus norvegicus .O nascimento de cada ninhada era uma festa. Mas nos últimos dias, o clima do laboratório era de luto e pavor. Depois de várias manipulações eles já contavam com uma criação de mais de duas centenas de bichinhos e começaram a fase de desmame. Os primos do Mickey eram extremamente ativos e alegres. É verdade que, de vez em quando, alguém acabava deixando um ou outro escapar, e o local virava um verdadeiro caos de caça ao rato. Isso sem contar as eventuais mordidas, nada sério, tirando a dor momentânea, os roedores eram muito bem tratados e nã

Aforismos temáticos

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Do complexo de superioridade Nunca conte uma desgraça para um pernóstico, ele vai sempre ter uma desgraça maior para retribuir Da oximorose do tráfego A forma que a CET encontrou de "melhorar" a fluidez do trânsito é fazendo os carros pararem em mais semáforos (sic) Da relação de poder Levo uma grande vantagem em relação a Proust: eu sei o que ele escreveu e ele nunca vai saber o que eu falo a respeito dele. Do desrespeito à cultura popular Entrou na casa do enforcado gritando "corda". Levou 3 tiros no peito e um na cabeça. Das cosmogonias diversas Muitas pessoas preferem ter um mundo particular todo seu que compartilhar um mundo coletivo que é de todos.

Traição lunar

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Eu tenho o hábito de trair com freqüência , desde que comecei esse blog já foram quase 20 vezes. Já traí com sofisticação e com simplicidade. Sempre usando a língua como ferramenta. Hoje eu cometo uma traição popular, uma letra de música simples mas, ao mesmo tempo bem elaborada. Alguns talvez a achem piegas. Particularmente eu gosto muito Leve-me prá lua Leve-me prá lua Num romance que não parte Ver a primavera Seja em Júpiter ou Marte Quero dizer, dê-me a mão Quero dizer, te beijar Encha-me a canção Neste canto sempiterno Tudo que eu queria Do teu jeito assim moderno Quero dizer, eu proclamo Quero dizer, eu te amo. O original de Bart Howard é Fly me to the moon Let me play among the stars Let me see what spring is like On a-Jupiter and Mars In other words, hold my hand In other words, baby, kiss me Fill my heart with song And let me sing for ever more You are all I long for All I worship and adore In other words, please be true In other words, I love you

Comendo em Recife e Olinda

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Meus roteiros de viagem sempre passam por restaurantes, não é a toa que eu peso o quanto peso (se valesse quanto peso estaria rico). A mais recente foi para Recife onde falei duas vezes num evento do GAPP - Grupo de Apoio Psico-Pedagógico, uma no Centro de Estudo Inclusivos da UFPe e ainda numa reunião da ASPAD (a associação de Síndrome de Down). Depois tem gente que diz que eu só passeio... A vantagem é que sempre existe um tempo para se almoçar e jantar. Eu comecei jantando, na noite que cheguei, num boteco ao lado do hotel, cujo nome era Boteco . Um bom arroz de camarão que, senão estava excepcional, era saboroso e bem servido. No dia seguinte o almoço foi no hotel do evento (uma tristeza) e fui compensar meu estômago de noite num restaurante português (não são poucos por lá) : a Tasca . Aí sim, o local era muito agradável, as donas e os garçons simpáticos e o lombo de bacalhau com crosta de alho estava supimpa, a batata ao murro estava no ponto. Poderiam ter um pouco mais de capri

Notas recifenses

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Eu aproveitei muito minha estada de 4 dias em Recife há duas semanas: trabalhei bastante, comi bem e passeei um pouco. E, claro, como bom insano, observei com atenção algumas coisas do comportamento local: Que a praia (estava de frente para uma) até o sábado é de quase ninguém. No domingo é praia é do povo, assim como a Praça Castro Alves. As pessoas descem em grandes blocos da avenida onde devem passar os ônibus em direção ao mar. Se a praia é do povo, o mar é dos tubarões. Fui alertado mais de uma vez sobre isso : não passe dos arrecifes. Se não tivessem me avisado as placas na praia não deixam dúvidas a esse respeito. Por que isso acontece exatamente em Recife ninguém soube me explicar. Deve ser algo no tempero do pernambucano que atrai os selaquimorfos. Nunca deixe de colocar agasalhos na mala se for para Recife. Eu não coloquei e passei frio várias vezes. O clima pode ser tropical nas ruas, nos demais locais (incluindo os carros) o ar condicionado é programado para congelar os os

Historinha vulgar

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Joana estava desempregada há quase seis meses quando viu o anúncio : precisa-se de recepcionista, não é necessária experiência. Pegou a bolsa, ajeitou o cabelo e foi para a agência de empregos. A entrevistadora gostou dela, mas fez questão de ressaltar que o emprego exigia absoluta discrição, independentemente do que ela pudesse presenciar. Joana concluiu que isso seria fácil. Era tímida e detestava qualquer tipo de fofoca. Foi aprovada e encaminhada diretamente ao local de trabalho para acertar os detalhes. Ao chegar tomou um susto : era um motel. Justo ela, a recatada e pudica. Pensou em desistir e ir embora. Mas lembrou da conta de luz atrasada, mais um mês seria cortada. Tinha também o carnê dos tênis das crianças. Ficou. Mas não contou para ninguém o que era o trabalho. A quem perguntava dizia que era um escritório de contabilidade. O chefe avisou que ia ver coisas estranhas, mas que ela só podia se manifestar se aparecesse algum menor de idade. Esses, disse ele, de jeito nenhum,

Adolescentices

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Muitas pessoas se queixam da adolescência (mais da dos filhos do que das suas próprias), eu não posso reclamar da minha. Claro que foi um período de emoções em altos e baixos, acompanhando as flutuações hormonais do período. Também tive meus momentos de choque de gerações. Tudo muito comum. Já naquela época escrevia loucamente e, como seria de se esperar, com muito pouca qualidade. Especialmente poemas apaixonados. Como me apaixonava com frequência, a produção era alta. De tempos em tempos releio algumas coisas que eu escrevi e, ocasionalmente, encontro alguma que tinha uma idéia razoável e uma execução ruim e tento recuperá-la. Aí vai uma delas : Namorados Na praia, sós, o feio e a descabelada Ele louco e repleto de anseio por encontrar a bela amada A descabelada e o feio. Vinha de orgulho assim tão cheio, de amor vinha tão carregada Olhavam-se assim de permeio A descabelada e o feio. Assim se beijaram por nada, um do outro eram o esteio Ela, bela, tímida e descabelada Ele, louco, ap

A volátil antologia de Outubro

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Meus leitores/comentaristas andam insuperáveis. Cada mês é mais difícil escolher as frases para essa antologia. Se você é novo por aqui, a intenção é ler as frases fora dos seus contextos e, a partir delas, imaginar suas próprias histórias: ...não jogaria um lustre em um ignorante... ...só não foi presa porque ainda não pegou gosto pela bebida... Mês que vem eu recebo alta... ahuahuahuahua! E o tempero tem um gosto de indigesto mesmo antes que se prove a mistura... ...rezando para que meus ácidos estomacais consigam digerir logo... Bestial", como diria meu amigo Portuense! só não serve pra quem tem companheiro ciumento... e metionina você sabe o que é? O cara acorda no meio da noite e manda a secretária...trazer o penico Acho que vou comprar a merenda lá na venda onde tem uma moenda. ...eu seria uma montanha feliz. Já pensou em incluir blogueiros? Oba, até que enfim ela vai perder o barrigão. E eu que nem sabia que sucupira era uma árvore... pai de uma o quê? nosinhoradosmeuspeca

Caliconto insanopígio

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A primeira vez que ele a chamou de calipígia* ela não sabia se sorria, se lhe dava um beijo ou uma bofetada bem estalada. Como ele parecia falar sério e num tom romântico, ela fingiu entender. E correu para o dicionário logo que chegou em casa. Descobriu que era um elogio ousado. Mas um elogio. Resolveu retrucar no encontro seguinte. - "...é bom você saber que, além de calipígia, também sou calimérica e calipódica..." Foi a vez dele ficar com cara de tacho...mais ainda quando ela completou : -"...e, cá entre nós, acho que você é sensualmente calistomático e calichêirico !" Nunca mais ele se deixou pegar no contrapé. Um dia na praia revelou que descobrira que ela também era caliafálica**, além de caliauquênica, o que ele já sabia há muito tempo. Ela nem piscou, mas gostou. Não demorou muito para ele constatar que ela também era calimástica e calihelêica, o que a deixou embevecida. Um dia se arriscou a dizer que estava louco para saber se ela era caliquética. Ela deu

Cantada inesquecível

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Eu nunca fiz o gênero machista. Nem nos tempos de moleque adolescente me agradava o papo furado dos colegas que arrotavam conquistas com detalhes absolutamente inverossímeis. Já sabia que as meninas detestavam ser "faladas" (ainda que gostem até hoje de falar...). Descobri que cão que ladra não morde, o que me foi muito favorável na minha juventude. Nunca fui ciumento, o que incomodou uma ou outra namorada. Nunca dei ordens, nunca levantei a voz para mulher nenhuma (se bem que duas vezes fui obrigado a ouvir gritos). Abandonei e fui abandonado em namoros, em quantidades equilibradamente proporcionais. Não posso negar que fui criado numa sociedade machista e alguns resquícios me acompanharam. Sempre tive o hábito de pagar as contas dos programas (poderia ter feito umas economias...risos), ainda dou a mão para mulheres para ajudá-las sair do carro (e, claro, já fiquei com a mão abanando algumas vezes) e até hoje gosto de comprar flores (inclusive para mim mesmo). Mas a situaçã