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Mostrando postagens de março, 2008

Conticulóides fobofóbicos

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Ailurofobia Misaías costumava andar todos os dias no parque. Respirava o ar puro, admirava as árvores, brincava com as pombas e sorria para os bebês nos seus carrinhos. Um dia, quando repousava da caminhada em um dos bancos de concreto, um gato caiu de uma árvore no seu colo. No dia seguinte já estava marchando na esteira da academia. Catisofobia Quando conseguiu o emprego como fiscal da companhia de trânsito Helena se sentiu nas nuvens. Era tudo que sempre sonhara, era uma mulher feliz. Até se desentender com um motorista infrator e acabar no banco dos réus por tentativa de agressão. Foi condenada à revelia e até hoje está foragida. Dendrofobia Os jornais estampavam mais uma façanha de Herodias : atravessara o Saara a pé e com isso se tornara o maior explorador de desertos do mundo. Convidado para participar do rali amazônico, declinou o convite alegando uma unha encravada. Eritrofobia Janaína adorava seus sobrinhos para quem comprava todos os brinquedos que queriam. Num sábado à tard

Só rock´n´roll, mas eu gosto

Como sempre, de volta à luta.

Contículo paranomásico

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Desde o tempo trêmulo quem toda gente homenageava Januária na janela, eu passo, penso e peço que ela me faça a corte e me corto todo por dentro. Um dia, quando usava uma saia em diminuto comprimento dela recebi um inesperado cumprimento o que me fez augurar que, com tais premissas, poderíamos retornar às nossa primícias. Que nada. Foi só um engano estranho. Eu, que temi e tremi na esperança de casar e, do altar, levá-la para casa, percebi o som e o sentido da solidão. Ela não passaria minhas calças, nem passaria perto de mim. Nunca fui capaz, como um rio, de lavar do límpido a mágoa da mancha. Ela sabia que eu não procurava nem luxo nem lixo, mas por causa dos privados fui privado da sua presença. Pulei de um morro e quase morro. Foi como se uma fratura acabasse com minha fartura de paixão. Como se nada mais me importasse, senão exportar minhas agruras. Eu, apenas uma mola de uma engrenagem que não amola, comecei viver de esmola. Enviei-lhe violetas violentas com um cartão: nunca mais

Idas e vindas do amor

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Diálogo do começo de romance - Ah...até que enfim, mal posso esperar ! - Você vai me deixar ? - Não ! Nem pense nisto... - Você me ama ? - Claro. Desde sempre e para sempre. - Você já me traiu ? - Imagina ! Essa pergunta não faz nenhum sentido... - Você vai me beijar ? - Em todas as oportunidades que eu tiver... - Você não vai me magoar, vai ? - Que diabos ! Claro que não ! - Posso confiar em você ? - Sim. - Querido.... Diálogo do fim de romance Leia o mesmo texto de cima para baixo.

Frases para uma carta que não foi escrita

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São Paulo , outonal, úmida e caótica O tempo engana. Como discutem os físicos pós-relatividade : o tempo existe ? Existe a sensação do tempo. E também a sensação da distância. Alguns meses podem ser pouca coisa em relação à idade do universo, mas quando bate as saudades a relatividade de Einstein que vá para o éter (foi ele que disse que o éter não existe ? nem aquele da famácia ?) Não sei como é que ela faz isto . Acho que o fato dela viver dentro do meu coração permite que note coisas que eu não falei. Especialmente com esse meu jeito de não falar sobre melancolia ou tristeza... Ela capta tudo. Percebe tudo. Concordo que as minhas mensagens tenham uma boa dose de vida. Afinal, ela continua e precisamos aproveitá-la , como dizia uma pichação antiga : “ a vida é curta, curta a vida “. Faço o possível, acho que sou bem sucedido em muitas situações . Temos reações semelhantes como forma de circunloquiar as dúvidas e vulnerabilidades. Vamos para os livros, para os discos, para o cinema.

Ética, nos olhos dos outros, é refresco

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O idealismo é interessante, mas, quando ele se defronta com a realidade, seu custo se torna proibitivo. William F. Buckley Jr (jornalista americano) Ética é o ramo do conhecimento que estuda o comportamento humano, estabelecendo os conceitos de bem e de mal. O debate a respeito de conceitos éticos sempre provoca discussões acaloradas. A começar pelo fato de que a ética de uns não é a mesma dos outros, ética sempre foi um conceito relativo no espaço, no tempo e nas diversas culturas. O que é bom ou aceitável na cultura ocidental não é , obrigatoriamente, tão bom nas culturas orientais. Queimar hereges na fogueira, algo absolutamente ético em tempos de inquisição é inaceitável no século da pós-modernidade. No entanto, ultimamente, temos sido bombardeados, de um lado, pelos apelos de ética na política, no trabalho, na escola e, do outro por uma série de posturas e mensagens que invalidam esses mesmos apelos. É claro que a Internet não deixa de ser um tremendo canal para esses bombardeios,

Metafísica a uma hora dessas ?

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Amor...ah o amor... o amor é lindo. Mas também é um negócio complicado porque o danado tem a mania de se manifestar de formas variadas como se fosse um vírus mutante e fico pensando algumas vezes sobre essas manifestações. Não seria perfeito encontrar a pessoa que reunisse, ao mesmo tempo, todas estas manifestações ? O amor que se manifesta na paixão. Incendiário. Que faz com que você delire, perca a cabeça e siga o coração. Amor que se manifesta no dia-a-dia, na rotina, mesmo quando as coisas parecem conduzir ao tédio ele está lá temperando o relacionamento. Em momentos com molhos fortes, em outros apenas com pitadas de flor de sal, sutilmente. Um amor que se revele em todos os momentos. O amor incondicional. Sem medo de abrir o coração e a mente um para outro. Amor sensual. Nos encontros e desencontros dos corpos. Na excitação criada por pequenos toques. E também em grandes turbilhões de prazer. Claro, isto é apenas utopia. Mas não deixo de imaginar que poderia ser possível. Todos n

Depois o Insano sou eu

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Em busca da sala 115 do Bloco B

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Há alguns dias atrás estava em um evento numa das faculdades da Universidade de São Paulo. Andando pelos corredores me chamou a atenção um aviso em uma das portas das salas que dizia: “a aula de Lógica e Senso Comum foi transferida para a sala 115 do Bloco B”. Tenho de admitir que, na hora, fiquei muito curioso para saber o que é que se ensina numa aula dessas e, se não fosse pela aula ser em outro horário, certamente teria ido lá dar uma olhada. Qual será a bibliografia básica de um curso de senso comum ? Eu até consigo imaginar temas para uma aula de lógica, afinal existem várias diferentes: a matemática, a jurídica, a de mercado, e até mesmo os conceitos complexos de lógica difusa. Se você gosta de filosofia, nada como se aprofundar no conceito que Aristóteles lançou nos seus Organon há centenas de anos. Mas, e senso comum? Será que o senso comum é bom ou ruim ? Se for bom, será que se aprende em livros e nos meios acadêmicos ou é algo que todo ser humano deveria ter uma certa dose

Encontros improváveis

A música é um clássico de Natal. O diálogo inicial é hilário, especialmente o que o mais novo entende como sendo "velho". O dueto maravilhoso.

Cod Gadus Morhua

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Relutei um pouco sobre fazer bacalhau na 6a feira de Páscoa. Não tenho nenhuma questão religiosa sobre o tema, poderia ter feito uma picanha, como sugeriu o Lou, mas alguns membros da família iriam se escandalizar com isso e o apóstolo Paulo recomenda fortemente evitarmos escândalos. O que limitava a confecção do bacalhau era que achava que ia gastar dinheiro demais. Quando fui ao mercado na semana passada descobri que o preço estava até mais baixo que o do ano passado (viva a queda do dólar). Comprei um de mais de 4 kg, pedi para fazer um pacote só com os pedaços do lombo e outro com as pontas e as lascas (que vão virar um risoto de bacalhau em breve) Não é qualquer bacalhau que pode usar esse nome, só o Cod Gadus Morhua , o Legítimo Bacalhau, e o Cod Gadus Macrocephalus , o bacalhau do Pacífico. Os demais devem receber a designação "pescado salgado seco". Mas existe bastante enganação por aí. O escolhido foi um Cod Gadus Morhua , ou seja, o Legítimo Bacalhau, também conhec

Dia Internacional da Síndrome de Down

O sangue de um traidor

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Pode dizer que estamos na quaresma e que eu deveria me comportar melhor. Mas não deu, caí em tentação e tive de trair de novo . A vítima dessa vez é Walt Whitman , o poeta das Folhas de Relva e sua ode ao capitão : Ah capitão! Meu capitão! Ah Capitão! Meu capitão! findou-se nossa jornada A tormenta é passada A coroa que buscamos, conquistada. O porto se aproxima, ouça os sinos, o povo que se alegra Mirando a quilha do nosso barco audaz na procela. Ah coração ! coração! Espalhadas no convés estão Gotas vermelhas de sangue do meu capitão Frio e morto, sobre o chão. Ah Capitão! Meu capitão! Ao som dos sinos levantai Clarins tocando, a bandeira voando. Levantai. Com buquês, fitas e grinaldas vos espera a multidão. Grita seu nome a turba massa, sua face olharão. Ah pai ! Ah capitão! Os braços que seguram seus cabelos São sómente sonhos e desvelos Frio e morto, sobre o chão. Meu capitão não mais responde. Dos lábios brancos, só silêncio vem De meu pai que não sente meu braço, nem pulso nem

Palavras descruzadas

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Antenor era um fanático das palavras cruzadas, podia-se dizer que ele era tarado pelas mesmas tal o prazer que sentia ao concluir cada uma das páginas das suas revistinhas. Começava sempre a ler o jornal pelas palavras cruzadas. Informação e notícias só depois de resolver as cruzadas do dia. No tempo em que as respostas só eram publicadas, quando não achava uma resposta acordava de madrugada no dia seguinte e só sossegava quando ouvia o som do jornal jogado na porta pelo porteiro do prédio. " Darameçalá !! É isso, como é que fui errar essa ?!?" Comprava revistas de graus de dificuldade cada vez maiores. Consultava seus dicionários e enciclopédias quando ainda não existia o Google . Chegou a fazer um curso de inglês para também resolver cruzadas nessa língua. Seu vocabulário era quase comparável aos dos grandes lexicógrafos tupiniquins. Começou a procurar exemplares antigos nos sites de leilão mas nunca encontrou uma cópia do jornal carioca A Noite, de 22 de abril de 1925 qua

Doce afagar

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Alguém espera de ti um doce afagar No dia chuvoso No sono cansado No tempo apagado. Alguém espera de ti um doce afagar Na ausência de carinho Na tarde de rancor Na latência da dor Alguém espera de ti um doce afagar No noite enluarada Na noite mal amada Na noite, mais nada. Alguém espera.

Conticulóides geométricos

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Régua Luísa media suas palavras, seus sentimentos, suas amizades. Não dava um passo sem ponderar os prós e contras de cada atitude que tomaria e não tolerava as pessoas que não agiam da mesma forma. O diagnóstico do médico foi irrecorrível, transtorno-obssessivo-compulsivo profundo, receitou que ela bebesse um garrafa de vinho todas as noites até perder o juízo. Compasso João apaixonava-se loucamente cada vez que conhecia uma nova mulher mas seus romances andavam sempre em círculos não indo a lugar nenhum. Ele preso às suas manias e elas orbitando em volta dele até se desgastarem e serem descartadas. Esquadro Mariana, a cartesiana, era uma garota certinha. Nunca imaginou que ao conhecer Durango as linhas retas que tinha traçado para a sua vida sofreriam tamanha revolução. Se desfez dos tailleurs, largou a faculdade e foi morar numa comunidade hippie decadente onde fazia artesanato e teve três filhos de pais diferentes. Transferidor Antonio sabia distinguir claramente os diferentes grau

Melhor não contrariar

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Ela estava num daqueles dias (essa expressão seria suficiente para enfurecer todas as feministas de plantão mas, antes que alguma salte nas tamancas, eu continuo...) em que o mundo parecia conspirar contra qualquer coisa que ela fizesse. Aquele dia a que cada ação correspondia uma crítica arrasadora. O que não sabia é que o dia ainda não tinha acabado e, ao encostar o carro (que tinha sido multado por estacionamento irregular) na porta de casa, deu de cara com Margarida, a sua vizinha. Quando a viu, lembrou-se imediatamente que miséria pouca é bobagem. Margarida era daquelas pessoas que não pode ser contestada a respeito de nada. Ela sempre tinha razão, por mais irrelevante que fosse o assunto, sempre reagia com furor. Desceu do carro para abrir o portão da garagem e tentou ser breve, oferecendo apenas um aceno de cabeça. Não adiantou nada, Margarida era sempre Margarida : "- Oi lindinha. Chegando mais tarde hoje ?" "- Fazer o quê ? O trânsito anda cada vez pior." -

Defeito 10: Cedotardar

Tenho no peito tanto medo, É cedo Minha mocidade arde, É tarde Se tens bom-senso ou juízo, Eu piso Se a sensatez você prefere, Me fere Vem aplacar esta loucura, Ou cura Faz deste momento terno, Eterno Quando o destino for tristonho,Um sonho Quando a sorte for madrasta, Afasta Não, não é isto que eu sinto, Eu minto Acende essa loucura, Sem cura Me arrebata com um gesto. Do resto Não fale, amor, não argumente. Mente Seja do peito que me dói, Herói Se o seu olhar você me nega. Me cega Deixa que eu aja como louco, Que é pouco No mais horroroso castigo, Te sigo

Cavaquinha no efó

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Eu trabalho com marketing direto e as pessoas que sabem do que eu vivo adoram guardar pérolas raras para mim. Me mandam cópias de e-mail marketing, me contam histórias hilárias de operadores de telemarketing e, claro, sempre me trazem as malas-diretas que julgam ser os piores exemplares da história (engraçado é que só me trazem os maus exemplos, quando recebem algo legal ao invés de guardar para mim, compram o produto..) Uma das minhas aquisições recentes me foi presenteada por uma amiga. É uma mala direta de uma rede de motéis (não sei se são da mesma rede ou fazem sua propaganda de forma cooperada) anunciando uma "Semana de culinária baiana", segundo essa amiga, não é a primeira vez que eles fazem algo semelhante, já teve a semana italiana, a francesa, entre outras. Imagino que a especialidade da rede seja uma combinação de Kama Sutra com Cordon Bleu. Óbvio que as piadas e trocadilhos são inevitáveis. Culinária baiana num motel deve ser um programa apimentado. O nome do pra

A nova bossa velha

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Eu gosto de música. Gostar talvez seja pouco, pode me chamar de melômano que eu não me ofendo. E eu gosto só de um estilo de música : a de boa qualidade. Ouço clássicos, pop, jazz, rock, samba, eletrônica, folclórica, religiosa. Não me importa o rótulo. Sendo bem construída e bem executada, me agrada. Eu também gosto de bossa nova. Tenho os discos do João Gilberto, do Jobim, Menescal, Sylvinha Telles, Oscar Castro Neves, Nara Leão, Os cariocas. Também tenho diversas releituras, Ella Fitzgerald, Stan Getz, Frank Sinatra além de muitos outros intérpretes nacionais. Mas eu não aguento mais os "inéditos" lançamentos de Bossa Nova. Não porque os intérpretes sejam ruins, ou porque tenham destruído as músicas. Eu cansei de ouvir sempre a mesma coisa. Com raríssimas e honrosas exceções, todo mundo que resolve gravar bossa nova usa os mesmos arranjos, os mesmos instrumentos e até o mesmo timbre de voz. A começar do próprio João Gilberto que há mais de dez anos está gravando o mesmo di

Contículo aliterado

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Em homenagem a Cruz e Souza, autor da mais longa aliteração da língua portuguesa* Valter sempre chegava de forma velada com sua voz de veludo incendiando a volúpia de Beatriz que, mesmo na brisa, balançava em beijos vorazes. Suas formas alvas, formas claras, sua mágica presença eram cometas vagando brancos e velozes nos vórtices sentimentais dele. Mulher de cama, de cana, de lama, anacronicamente bacana. Em dias de velozes ventos eles voavam vulcanizados em meio a todos trons de trovôes, com a ajuda da chuva num vai e vem sem fim. Tinham um jeito de homenagear a toda gente com girassóis nas janelas. Uma paixão que vinha vivendo o visto e vivando estrelas ** e os deixavam bebedérrimos de brilhantes borbulhas de bebidas belgas. Mesmo nas horas louras e lindas nunca brincavam bravos, ainda em tempos de vãs berlindas passavam vendo das varandas as brandas alvoradas. Como se fosse eterna a flanejante flor que floria às suas frentes. Mas um raio rútilo e rápido retalhou o romance. No dia qu

Ao sabor dos vinhos argentinos

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Toda copa do mundo de futebol é a mesma coisa. Eu não tenho um rojômetro (aparelho que serviria para medir a quantidade e a intensidade de rojões), mas tenho a impressão de que a festa sempre é maior para as derrotas argentinas do que para as vitórias brasileiras. Se a derrota ainda implicar em desclassificação a demanda de rojões supera a oferta. Quando isso acontece eu, que não solto rojões, aproveito para tomar um bom vinho. Argentino é claro. Conta a história que em 1556 chegou a Santiago del Estero, região de Cuyo, o padre Juan Cidron trazendo em sua bagagem estacas de vides que originaram os primeiros vinhos da Argentina. No entanto, somente mais de dois séculos depois, em 1777, é que teve início a produção comercial, primeiro com alguns imigrantes portugueses e depois com europeus de outros países que se radicaram em Mendoza. Em 1875, o governo mendocino resolveu investir na produção vitivinícola, contratando o agrônomo francês Aimé Pouget. Dessa época até o final dos anos 50 (d

Somos todos deficientes intelectuais

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Talvez nem todos saibam que eu sou pai de um menino com síndrome de Down (e de uma menina com síndrome de capataz - quer mandar em todo mundo) e, por esse motivo, já há alguns anos estou envolvido com as questões relativas à deficiência intelectual (isso mesmo, não se usa mais deficiência mental desde a Declaração de Montreal de 2004), especialmente a inclusão de todas as pessoas em todos contextos. Tornei-me um militante da inclusão, participo de grupos, de comunidades, bato perna falando e ouvindo sobre o tema e já estive em lugares que eu nem sabia que existiam. Como, além de falar, eu gosto de ler e de escrever, além dessas insanidades escrevo sobre vários assuntos nas mais diversas mídias. Divido meus escritos em quatro categorias : marketing, inclusão, teologia (sou protestante e professor de teologia sistemática) e, claro, insanidades. Também leio bastante sobre tudo isso e mais um pouco. Desde que o Samuel nasceu tentam me provar (ainda não me convenceram e, à medida que ele cr

Aforismos out e in consequentes

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Causas são mais fáceis de abraçar do que de construir. Nem tudo que é ouro reluz. Se você é o que você faz, como se define quando vai ao banheiro ? Ninguém me ama, ninguém me quer...só em compacto da Chantecler. No dia que as pessoas calçarem as calças e sapatearem os sapatos a língua vai ficar mais compreensível. Falar difícil é fácil. Complicado mesmo é se fazer entender. Idéia fixa é coisa de quem não tem idéia nenhuma. (corolário de "Não é triste mudar de idéias; triste é não ter idéias para mudar" de Imannuel Kant)

Whoops Mr Moto, I´m a coffee pot

Minha relação com o café já é conhecida dos meus leitores... Nada melhor que juntar música (da melhor qualidade) com café....aí eu viro um bule cheio.

Nossa (???) língua portuguesa - amazonês

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Aquele era um dos dias em que ele aparecia cheio de aço e tentava abafar uns trocados adubando os clientes da taberna, mesmo porque estava roendo pupunha. Costumava entrar se alteando : "- A como tá a cerveja hoje ?" Naquele dia sua vítima foi um aloprado que acochava a sincera na mesa dos fundos. Olhou a porção de fritas e apresentado perguntou : "- cês tão comendo a pulso ? posso pegar uma ?" O batóré que estava batendo caixinha prá cabrocha respondeu : "pode se aviar, se quiser até o tucupi, mas tá carne de tetéu" O baba-ovo percebeu que era o lugar certo e foi adiante : "Alguma babita tem também ?" Depois da bagaceira de ontem fiquei sem nada e tem uma barca lá em casa para comer... Não teve nem tempo de acabar a frase quando levou uma cachuleta de garçom cheio de biloto : " - Capina beradeiro, está achando que isso aqui é biboca ? Se tu bateu fofo não vem com caqueado. e pode capar o gato. Sua alma sua palma seu coração sua pindoba.&qu

Labirinto

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Sonhos de labirintos mágicos Revolucionam a cabeça Curvas impunes Portas fechadas Parede brancas Abro caminhos Que, à minha frente, Foram se fechando. Arrombo portas, Destruo janelas, Machuco os braços. Busco o fim do pesadelo Fugindo do minotauro. Objetos e pessoas me perseguem. Vejo o túnel no fim da luz. Inútil enfrentar a fera e continuar preso.

Hematófagos no Itaim Bibi

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Entre fumaça e buzinas eles se escondem durante todo o dia, nas tocas, nos beirais, nas poucas árvores que resistem à devastação urbana. Começam espreguiçar-se quando o sol se põe mas continuam nos seus refúgios, ainda há excesso de luz de faróis e o barulho vindo dos bares da região ainda soam ameaçadores. Na madrugada abrem as asas e saem em busca de subsistência. Frutas, restos de alimentos. E sangue, se não houver outra alternativa. Percorrem janelas abertas, vasculham cozinhas, fruteiras, plantas de varandas. Observam atentamente os lixos das pias. Dirigem-se aos quartos. Alguns já aprenderam onde encontrar cardápios mais sedutores, especialmente em noite de calor quando as pessoas estão pouco cobertas... Muitos vão e voltam todas as noites, como as pombas do Correa. Outros mudam seus caminhos e tentam vôos mais longos em direção a destinos menos árduos. Mas quando um deles encontra Nala, a gata, a história se encerra. Só servem para que ela demonstre, no dia seguinte, à sua dona,

Por Toutatis !

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Dentre os meus muitos desastres culinários tem um em que insisti durante muito tempo até finalmente chegar a uma solução satisfatória. Minha relação com o singularis porcus , como o chamavam os romanos dos tempos de Asterix, e depois denominado simplesmente de sus domesticus , sempre foi de amor e perdição. Sempre que o encontrava em um restaurante me esbaldava, sempre que me defrontava com ele na cozinha, entrava pelo cano. Fiz várias tentativas. Assado, cozido, grelhado. Tentei com o pernil, com a costela, com o lombo. Nada funcionava, chegava sempre a duas opções de resultado : ou o bicho ficava duro como pedra, ou ficava emborrachado, daqueles que você morde morde morde....e morde, morde e morde. Comecei apelar para os métodos tradicionais de amolecimento. Deixar de molho no vinho. Encher a assadeira de azeite. Temperar como doses cada vez maiores de manteiga. Nada funcionava. Mudei de fornecedor de carne, vasculhei a Internet em busca de algum segredo ancestral de tratamento prévi

Atendendo a pedidos

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Já que insistiram tanto para que tivesse uma opinião conclusiva sobre tudo, aí vai a minha lista Eu sou a favor do Movimento dos Sem-Lava da Catânia. Eu sou contra, por motivos políticos, a drenagem linfática dos lemures de Madagascar (um pleonasmo, eles só existem lá mesmo). Eu sou a favor da reprodução assistida das tartarugas do Projeto Tamar. Eu sou contra, por motivos filosóficos, a disseminação de termitas nos nossos parques. Eu sou a favor da pimenta-do-reino, praticamente em qualquer contexto. Eu sou contra, por motivos religiosos, o corte de palmitos. Eu sou a favor do afogamento compulsório das baleias jubarte. Eu sou contra, por motivos antropológicos, a perseguição dos aborígenes de Kiribati. Eu sou a favor do escrutínio ultra secreto (sem votos) para o comando supremo das forças desarmadas. Eu sou contra, por motivos metabólicos, a ingestão de manga com saquê. E tenho dito.

Quod erat demonstrandum

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Em matemática, ao encerrar-se a demonstração de um teorema usa-se a sigla QED (quod erat demonstrandum, ou seja, como queríamos demonstrar na tese proposta) No sábado publiquei num blog sério minhas considerações a respeito dos discursos pró e contra a pesquisa com células-tronco embrionárias num texto denominado " O discurso das células ". O tema já é polêmico o suficiente e, como biologia nunca foi a minha praia, não iria me meter a besta de me colocar de um lado ou de outro. Por outro lado, sempre gostei de linguística, de semiologia e de semiótica (que não se trata de visão monocular, antes que algum engraçadinho faça essa piada). Já passei por Jackobson, Saussure, Eco, Peirce, Hjelmslev, Pignatari, mas a minha identificação maior sempre foi com Lacan e Barthes. O inconsciente é estruturado como uma linguagem, dessa forma é através da linguagem e do discurso que podemos tentar compreender o inconsciente. Captou ? A partir dessa afirmação você já pode fazer uma análise da

Cozinhando com muito vinho

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No mês passado escrevi a respeito dos requisitos básicos para se cozinhar com vinho ressaltando as questões de equilíbrio entre o vinho com que se coze e o que se bebe e, conseqüentemente, a escolha de um bom vinho para se cozinhar. No mesmo artigo dei uma receita de risoto onde, apesar de essencial na receita, o uso do vinho era bastante comedido - apenas ½ xícara . Algumas pessoas poderiam ter me questionado: e quando se cozinha com muito vinho? Vale a pena gastar uma garrafa de um bom vinho apenas como tempero ? Algumas receitas exigem um volume de vinho bem maior do que o normal e exatamente por isso a questão da qualidade do mesmo torna-se ainda mais fundamental, mas ao mesmo tempo eu concordo que o custo pode ser extremamente desfavorável. Vamos pegar um prato clássico como exemplo. O boeuf bourguignon, um prato popular (inclusive na questão de custo) e, provavelmente, o prato mais famoso da Borgonha, exige em sua receita uma garrafa inteira de vinho, obviamente, da Borgonha. É c

Com querubins e serafins cantai

Let the bright Seraphim in burning row, Their loud uplifted Angel-trumpets blow: Let the Cherubic host, in tuneful choirs, Touch their immortal harps with golden wires.

A inominável antologia de Fevereiro

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Esse mês eu exagerei nas publicações tirando o atraso das férias. Com isso a quantidade de comentários foi significativa e a escolha dos melhores não foi fácil. Como sempre deixo os textos dos meus leitores fora de contexto e sugiro que você não procure a lógica, apenas solte a imaginação e divirta-se. Aí vão eles: O que se faz com uma blusa entreaberta? ...ou seriam cobaias? ...ele poderia usar a grana pra pagar os carnês da menina de vestido de crochet... Ventania é mais normal e menos sexual. ...não fazem sentido nem na zona sul, nem na zona norte e muito menos na favela... ...você continua um culinarista safado! ...em se tratando de sexo, nada é normal. O vinho subiu à cabeça ou foi a falta dele? Que confusão! Não entendi nada... Um dia te conto do meu risotto de morango... Não terei nem o direito de ser múmia!? ...preciso deixar minha blusa entreaberta mais vezes! Mãe, Miojo é macarrão? Quero sua cama! Que nos livram dos altares Benzodiazepínicos! ...há dez anos, procuro um traves