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Mostrando postagens de outubro, 2007

Contículo tautológico

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Eu tinha certeza absoluta que tinha pago a quantia exata e, ainda assim, continuaria com um superávit positivo na minha carteira. Juntamente com a compra eu deveria ter recebido um bônus extra de pontos no meu programa de milhagem. Mas surgiram alguns sintomas indicativos de que a moça do caixa não tinha feito o elo de ligação entre o meu pagamento e o dinheiro que estava na sua gaveta. Ela separou as notas em duas metades iguais, me encarou de frente e, para a minha mais inesperada surpresa, repetiu outra vez o valor, com um tom de cobrança. Redargui que não haveria outra alternativa senão eu lhe explicar em detalhes minuciosos o que ocorrera : " Há dez minutos atrás eu deixei à sua livre escolha definir qual seria o meio de pagamento, sei que era uma escolha opcional, o que não lhe impediu de demonstrar um preconceito intolerante contra o meu cheque. Dei-lhe o dinheiro, e agora você volta atrás ?" Ela tentou me explicar que estava terminantemente proibida de, às segundas, t

Júlia

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Morto. Para a surpresa de todos ele fora encontrado na cadeira da sala com a televisão ligada, alguns cigarros apagados no cinzeiro e um copo de leite caído no chão. Pensaram no coração, um ataque súbito. Mas era pouco provável, apesar de fumar sempre tivera uma vida atlética e nunca descuidara da saúde. Suicídio ? Impossível. Ele andava muito feliz nos últimos tempos. Quem o encontrou foi Rosângela. Pensou que estivesse dormindo. Desmaiou quando notou o acontecera. Quando voltou a si chamou os amigos. Depois a polícia. A autópsia não acusou absolutamente nada. Perplexidade. O corpo demorou dois dias para ser liberado pelo IML, os médicos se recusavam a assinar o atestado de óbito. Mas tinha de ser enterrado. Acabaram indicando insuficiência cardíaca. Ninguém acreditou. A causa da morte não estava no seu corpo. Naquela noite Gérson havia chegado cedo em casa, pensara em ligar para Rosângela para irem ao cinema, acabou desistindo. Teria de acordar cedo no dia seguinte e os programas com

Ruas de um anarquista noturno

O trânsito em transe intenso antecipa a noite Riscando estrelas no bronze do temporal Ares de milonga vão e me carregam Por aí, por aí

Nossa (??) língua portuguesa

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Não é todo dia que eu gasto pólvora em chimango. Hoje, porém, estou duro de boca e mal enfrenado. Imagino que pelo fato de me encontrar a meia guampa o que me deixa com o estribo frouxo. Não sei bem se tirei o culo ou se estou de laço a laço a cabresto de uma prenda. Ela sempre me diz que está com o pé no estribo e que não quer aquentar banco. Suspeito que ela esteja botando guampa com aquele lombo de sem-vergonha, o que me forçaria a largá-la campo afora. Parece mais sensato do que, em cima do laço, passá-la no pelego. Sempre existe a hipótese de num upa passá-la no relho. Melhor abrir a cancha. Eu não sou capão nem sinuelo e quem vem das minhas querências não enrola o poncho sem peleia, afinal sou biriva e colhudo. Se encontro o vivente no bolicho não vou deixar que ele continue a gauderiar com a minha china. Vai ter entrevero. O guaipeca diz que é valente. Mas nem a indiada põe fé. Sou guasca capaz de trinchar e trancar lamba abaixo o papudo. O pereba vai querelar, mas passo a mão n

ah....a chuva

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a bebida desce deliciosamente pela garganta na mesa do bar tranquilamente se canta lá fora chove, escorre a enxurrada, na rua a voz da melodia inventada é sua enxurrada nada nada minha amada mais que nada, nada nada enxurrada.

Dispersando catabólitos

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Outro dia eu conversava com uma pessoa a respeito do lixo. Sim, você leu direito. Lixo. Tudo aquilo que não nos serve mais e jogamos fora. Os nossos dicionários definem a palavra como sendo: coisas inúteis, imprestáveis, velhas, sem valor; aquilo que se varre para tornar limpa uma casa ou uma cidade; entulho; qualquer material produzido pelo homem que perde a utilidade e é descartado. Nem todo lixo deveria ser definido como tal. Muito do que jogamos fora e consideramos sem valor pode ser aproveitado por outras pessoas. Ou seja, se ainda tem alguma utilidade, deixa de ser lixo. Não deveria nem ser chamado de lixo reciclável, mas de matéria prima de outros processos de produção. Aí hoje eu aprendi outra palavra bonita : catabólitos. Calma, eu já explico : catabólitos são os "restos", ou seja, o "lixo" que sobra na degradação (catabolismo) das substâncias no organismo. Aquilo que o organismo não precisa mais e joga fora. Pelo que eu entendi de quem explicou isso (obrig

Não se surpreenda quando o gelo quebrar

Você conhece Ute Lemper...não ?? então procure saber mais, vale a pena Você conhece Roger Waters ...não ?? de que planeta você veio ? If you should go skating, On the thin ice of modern life, Dragging behind you the silent reproach, Of a million tear-stained eyes, Don't be surprised when a crack in the ice, Appears under your feet. You slip out of your depth and out of your mind, With your fear flowing out from behind, You as you claw the ice.

Farmacopéia amorosa

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Apaixonar-se é um ato muito estressante para o corpo, afirmou a pesquisadora italiana Donatella Marazziti durante o 25º Congresso Brasileiro de Psiquiatria que aconteceu esse mês. A ilustre doutora, como cientista que é, limitou-se à análise das reações bioquímicas provocadas por paixonites crônicas e também as agudas, mesmo porque o congresso era técnico e não caberia a ela entrar em detalhes a respeito da sua vida privada. O que não significa que eu deixe de ler frequentemente a respeito das propriedades saudáveis do sorriso , do beijo, do ato sexual, ou seja, nada como uma boa relação amorosa para acabar com o sedentarismo e manter a boa forma, exatamente o contrário do que preconiza a Dona Tella. Aparentemente os endocrinologistas não concordam com os bioquímicos. O que, também, não é nenhuma surpresa para quem convive com o mundo acadêmico. Como eu não gosto e entendo neres de pitibiriba sobre as ciências biológicas, recolho-me à minha ignorância e prefiro os segundos à primeira.

Sexta feira,13 horas.

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Alguns dias da semana são absolutamente inóquos. Ninguém costuma fazer referências específicas às terças, quartas e quintas. Todo mundo odeia as segundas-feiras. Os sábados são bem aproveitados. Os domingos nem tanto, mesmo porque muitas pessoas gostam de sofrer antecipadamente e, no meio da tarde, já começam a pensar no dia seguinte. As sextas-feiras funcionam como o domingo invertido. Já se começa a pensar no fim de semana que está chegando. Mais que isso, as sextas receberam em torno delas alguns ritos de relaxamento. É o dia de se vestir de forma casual (exceto em empresas com chefes paranóicos). Também é o dia de almoços mais prolongados. Sabe-se lá o por que. Eu preferiria um almoço com mais tempo às quartas, assim daria uma quebrada no meio da semana. Mas quem levou o prêmio foram as sextas. Também é o dia do happy-hour, com a desculpa que não é necessário acordar cedo no dia seguinte. E, de vez em quando, uma sexta-feira é mais sexta que outras. Quando Antenor e Adelaide se enc

Meninas

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Algumas cenas do passado sempre ficam gravadas. Boas e más lembranças. Assim é que caminha a vida. As boas, sempre sugerem poesia Meninas As meninas que, ao meu lado, Brincam sérias, zombam flores, Trazem no rosto marcado Desnecessários temores. As vizinhas que, ao meu lado, Negociam prazos, cores, Tornam meu dia calado Esquecimento de dores. Anárquico pensamento Vivia nesta neblina Mar imenso, curto tempo. Ao meu lado, sem tenção, Meninas de alma felina Anelam minha emoção.

Defectiva é a língua

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Eu não sei quem foi que batizou os tempos verbais da língua portuguesa. Mas tenho certeza que o dito cujo era bem mais insano do que eu. Primeiro inventou uma história de tempos primitivos. Eu imagino que esses eram os tempos da idade da pedra lascada da última flor do Lácio. Segundo essa classificação, os tempos primitivos são apenas três : o presente do indicativo, o pretérito perfeito e o infinitivo. Todos os demais são apenas derivados. Se um derivado de leite é um laticínio, imagino que os tempos derivados deveriam ser chamados de verbocínios. Depois começou a batizar os demais tempos com nomes que não fazem o menor sentido. A vida funciona de forma bastante simples : existem fatos que acontecem no momento da fala, fatos que já aconteceram e acabaram, fatos em andamento (e até o gerúndio pode ser usado corretamente) e fatos que acontecerão no futuro. Mas para que simplificar ? Isso acabaria com o emprego de centenas de professores de português, revisores e comentaristas de jornal

No meio do caminho

Fate seems to give my heart a twist And I come running back for more

Atualidades psicossomáticas

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Foste ao teatro no ano passado e lá viste um filme de bang-bang. Não sei se entendeste a fita, mas ao virar a esquina começaste a dizer coisas estranhas. E o que é pior, ao passares por uma loja de armas ficaste olhando fixamente um três oitão que havia na vitrine. No meio da noite acordaste. Saíste pela porta dos fundos, montaste na cerca e foste galopando pelo meio do asfalto. Ao chegar na tal loja, depois de atropelar duas capivaras e um pardal que estavam no teu caminho, atiraste uma côco-bomba no vidro e roubaste o revólver. O primeiro assalto foi a um supermercado, como estavas sem munição roubaste três quilos de petit-pois e um quilo de banha de porco para lubrificar o cano da arma. Ao fugir, cobriste o vigia de tiros. Ele não se machucou, mas reclamou que as ervilhas estavam sem sal. Em poucas semanas já estavas famoso pelo teus assaltos. E já te alcunhavam de Ervilha Kid. Os teus crimes, obtusos e cruéis, deixaram a cidade em completa euforia. Há muito não se registravam tanta

Politicamente correto

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Inadjetivamente*

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Sentei na calçada da avenida com as mãos à cabeça. Já tinha passado por essa situação mais de uma vez. Por quê então a dor ? Por quê o ceticismo e a desilusão ? Chegarei em casa, contarei para a mãe , ela me ouve. Ela vai fazer aquele chá de camomila e me mandar dormir. Amanhã é outro dia e a vida continua, vai dizer. Vai recitar o poema do Drummond. Sete faces, acho que é esse. Ou serão sete torres ? Não, sete torres é o romance que ela gosta, o poema é faces mesmo. Como se fosse um eco. A frase do adeus ecoa nos meus ouvidos. A desculpa foi a mesma de sempre. Não é você, a culpa é minha. Se não sou o culpado qual será o motivo que sempre acabo sozinho ? Essa foi a quinta namorada em menos de um ano. Me apaixonei por todas elas. Todas diziam estar apaixonadas também. Paixões que não duraram mais que algumas semanas. Em seguida os chavões : preciso falar com você... acho que não vai funcionar desse jeito... sabe a culpa não é sua.... podemos continuar amigos. Lágrimas. Algumas lágrimas

Tenares, deltóides, bucinadores e orbiculares

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Eu odeio mão mole. Aquelas pessoas que te cumprimentam como se estivessem dando seu último suspiro no leito de morte. Geralmente a mão é mole e fria. A minha vontade é de apertar com força até moer todos os ossinhos. Mas nunca tive coragem de fazer isso. Mas deveria. Gente de mão mole também costuma ser pálida, apática e chata. Não sei se algum fisioterapeuta junto com um psicólogo não poderiam desenvolver uma tese a respeito da correlação entre a mão mole e abulia. Provavelmente as minhas perorações seriam comprovadas cientificamente. Mão não é só a mão mole que me incomoda entre os contatos físicos sociais. Não chego a odiar, mas também questiono o abraço de tapinhas. Típico de executivos. Nunca vi mulheres trocando tapinhas nas costas. Mas o gerente de vendas e o diretor financeiro que se odeiam (um cortou as comissões do outro e mesmo assim o cara de vendas ainda ganha mais que o financeiro) não deixam de se tratar cordialmente com tapinhas. Imagino que seja um substituto para as a

Bandido também não !

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Nos anos 80 um dos livros do Roland Barthes estava na moda. Quando eu digo moda não estou me referindo aquela lançada pelas novelas ou pelos "féxion uíques" da vida. Estava na moda entre os leitores que se interessavam por linguística, estudantes de comunicação e suas variações, letras, ciências sociais. Aquele monte de gente estranha que, ao invés de estudar para ter uma profissão de verdade, preferia divagar sobre apocalípticos, integrados, paideumas e bestiários. Ah... Voltando ao Barthes. O livro em questão era o "Fragmentos de um discurso amoroso" (que anos depois virou peça de teatro, nem imagino como, deve ter sido alguém daqueles estranhos que adaptou). Não só servia para estudar o fantástico mundo dos significados subjacentes aos discursos (gostaram ?? quando preciso eu falo bonito) mas também era usado por muitas pessoas como fonte de cantadas. Não sei o que era mais ridículo, quem dava a cantada usando Barthes ou quem a aceitava... (tudo bem ambos eram es

O amor é só um palavrão

Strange it is to be beside you, many years the tables turned You'd probably not believe me if told you all I've learned And it is very very weird, indeed To hear words like "forever" plead so ships run through my mind I cannot cheat it's like looking in a teacher's face complete I can say nothing to you but repeat what I heard That love is just a four-letter word.

Lesão por educação repetitiva

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Quando eu estava na 4a série (acho) uma professora de matemática ensinou a teoria dos conjuntos . Dona Nice. Dona e não tia, no meu tempo de primário não tínhamos essas intimidades. Teoria dos conjuntos era aquele negócio de união, intersecção, contém, está contido... Se estou correto sobre o ano escolar isso foi em 1971. Vivi quase vinte anos sem saber para que isso servia e me esqueci completamente do assunto, até que em 1990 trabalhando com seleções para marketing com banco de dados tive um estalo de Vieira e a teoria dos conjuntos apareceu como mágica à minha frente. As minha lembranças da escola, mesmo tendo sido um bom aluno, são de um lugar onde o conhecimento se transmite na base do fórceps e com as respectivas dores de parto. Pouca coisa mudou desde quando a escola assumiu esse formato que tem. Muita informação, pouco conteúdo, quase nenhuma aplicação prática do que se ensina. Por isso não deixa de ser engraçado pensar a respeito do dia dos professores, nos últimos anos me en

Solilóquios vulgares

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...pessoas que pedem um norte, e evidentemente como um poeta eu dou o sul (Fabrício Carpinejar) Ela nunca o entendeu. Não que tivesse feito algum esforço para isso, muito pelo contrário, ela tinha aquele hábito de perguntar e ela mesma criar aquilo que imaginava que seria a resposta. Pior, a resposta criada nos seus delírios criativos tornavam-se verdade absoluta, independentemente das respostas dele que eram solenemente ignoradas. Até mesmo aquelas que tinham lógica. Até mesmo as que eram acompanhadas de provas concretas. Nada valia, só as palavras que ela tinha colocado na sua boca ou nos seus pensamentos. Quando ele apelava para respostas documentais, ela rasgava as cartas (nunca se soube se lera ou não) e alegava nunca terem sido recebidas. Uma vez ele chegou a usar o aviso de recebimento dos correios. Ela ameaçou ir à polícia dizendo que a assinatura que constava no documento era uma fraude que precisava ser denunciada. Desistiu. Afinal ela concluíra que fora ele mesmo que forjara

Todas las mañanas...

Yo te conozco de antes desde antes del ayer yo te conozco de antes cuando me fui no me aleje llevo la voz cantante llevo la luz del tren llevo un destino errante llevo tus marcas en mi piel y hoy solo te vuelvo a ver y hoy solo te vuelvo a ver y hoy solo te vuelvo a ver

Sob nova direção

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(ou , porque eu não compro um GPS) A placa dizia, sob nova direção, Mas continuamos com o mesmo carinho e atenção Se necessária fosse uma nova direção O carinho deveria ser trocado por rejeição A menina dizia, sob nova direção, Largou-me aquele ingrato outro deu-me a mão O rapaz gritava, sob nova direção, Deixei minhas angústias a esperança não A vida reclamava, uma nova direção, Mas o relógio ostentava Hora de obrigação E eu que não procuro, uma nova direção Insanamente sigo adiante Sem orientação

Melancias reformadas

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Outro dia saiu no jornal uma notícia a respeito do desenvolvimento de uma melancia quadrada (na verdade é um cubo, uma vez que se trata de um sólido geométrico e não de mera figura plana). Não se trata de nenhuma experiência diabólica de alteração genética da imensa fruta, mas apenas processo de torturar a distinta colocando-a após seus primeiros dias de vida em formas onde ela não consegue desenvolver seu perfil esférico. Claro que me interessei em saber o objetivo de tal esforço, mesmo porque não seria apenas pela fixação de alguém por cubos. Descobri que melancias "quadradas" facilitam (e tornam mais baratos, o que não significa que a bichinha seja barata, atualmente o preço mínimo é de cerca de 250 reais, podendo chegar até 400) o transporte e o armazenamento das mesmas. Em breve teremos abacaxis cônicos e jacas paralelepipedoidais (ufa...essa foi difícil de escrever) No fundo é algo muito semelhante aquela história das chinesas com pés minúsculos que eu nunca descobri se

Amiga alegria

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This is the way the world ends Not with a bang but a whimper. (TS Eliot - The Hollow men) Ela não era uma menina bonita. Alguém resolveu inventar que ela era minha namorada. Ela deitou no meu colo e eu acariciava seus cabelos. Ela foi a minha primeira namorada. O primeiro amor. Ela foi minha primeira amiga. Sem outras intenções. Só falta o romance. Ela era o poema. Eu sempre gostei dela. Mas não assim... Ela foi para muito longe. Ela sempre esteve tão perto. Agora aguardo , com ansiosa expectativa, o renascer das folhas, das flores e dos frutos. Amiga Alegria, Uma rosa paixão : Primeiro Amiga antiga e inteira Rosa primeira de uma planta no chão. Alegria imensa e densa Paixão Quem me dera fosse a única a arrebatar meu coração Amiga alegria, rosa em botão Antiga raiz planta feliz, sonho e emoção Primeiro um poema depois a canção Palmas alegres da multidão Amiga alegria, uma rosa paixão Primeira Sem marcas Em cartas Recebes em cartas Um poema Paixão

O sono do leão

Para quem conhece a versão engraçadinha do hipopótamo e do cachorro, aí segue a versão original sem legendas

Aforismos ainda mais inconsequentes

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Eu já começo precisar de óculos, mas tenho dúvidas se quero enxergar melhor o mundo. Algumas pessoas dizem coisas quando sóbrias que jamais diriam se bêbadas. Em São Paulo, a menor distância entre dois pontos é aquela que a CET ainda não decobriu para piorar. Em casa de ferreiro ecológico, espeto é de plástico reciclável. Entender o passado nem sempre é a melhor forma de planejar o futuro Eu odeio ser abduzido por ET´s com mau gosto musical. Bom senso é entender claramente que, muitas vezes, a gente se engana. No amor, preocupar-se em buscar novidades é a garantia de não perder o que já se conquistou.

Dias e recordes

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Se você já visitou alguma fábrica ou alguma obra já deve ter se deparado com a famosa placa colocada pela CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) sobre acidentes de trabalho no local. O modelo básico diz mais ou menos o seguinte : Estamos há XX dias sem acidentes de trabalho. Nosso recorde é de YY dias. Outro dia visitando uma fábrica olhei a placa e tentei medir a frustração do pessoal de RH e da CIPA. A placa indicava que estavam há 6 dias sem acidente e o recorde era de 495 dias. Imaginei que cada um que olhasse a placa pensasse : "cara...lá vamos nós começar tudo de novo...faltam só 489 dias, isso se nenhum infeliz deixar cair uma lata no pé de novo". Desde então tenho pensado em outras situações que poderiam adotar a placa (aceito sugestões adicionais) : Na minha casa poderia ser : estamos há XX horas sem derrubar nada na toalha da mesa...nosso recorde...ops... Casais em conflito : estamos há XX dias sem discussão...ou será que ela foi embora e eu não percebi ?

Insanidade tem limite

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Hoje um post sério, porque nem todas as insanidades são toleráveis.

O amor é velho ?

O amor é velho, velho, velho e menina. O amor é trilha de lençóis e culpa medo e maravilha. O tempo a vida lida andam pelo chão, o amor aeroplanos O amor zomba dos anos, o amor anda nos tangos, no rastro dos ciganos, no vão dos oceanos. O amor é poço onde se despejam lixo e brilhantes: orações, sacrifícios, traições.

Por uma cozinha romântica

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Nas casas dos descendentes de portugueses e italianos é o local onde se reúne a família para conversar e tomar decisões (portanto o local mais importante da casa). Como sou descendente tanto de uns quanto de outros (além de outras misturas como francês, índio e sabe-se lá mais o que), sempre prezei muito esse espaço. Além desses motivos hereditários, eu também gosto de cozinhar (modéstia às favas, até que bem). Enfrentar pia, fogão e outros equipamentos sempre me é fonte de prazer e a cozinha um espaço muito romântico - eu acredito que cozinhar sempre foi um ato e demonstração de amor - não existe nada mais sem graça do que cozinhar só para você mesmo (tudo bem, se você for um ególatra faz sentido). Mas nada disso quer dizer muito. As cozinhas nunca foram exatamente as queridinhas da literatura, nem da cinematografia. Apesar de alguns poucos filmes onde o fogão era importante (Chocolate, Festa de Babette), os pratos eram as estrelas e não a cozinha em si. Ninguém nunca escreveu a ode à

Antologia de Setembro

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Escrever é uma coisa que me dá muito prazer. Escrever sem compromissos de seriedade, consistência ou precisão, mais ainda. Mas o que tem me divertido mais no blog são os comentários. Adoro gente inteligente, perspicaz, bem humorada. Aí vai a minha seleção dos comentários dos posts de setembro. Mesmo fora do contexto eles são ótimos (se quiser achá-los ainda melhores, depois leia em cada um dos posts) : Estou com vontade de entrar numa loja de lingeries.... Não entendi as palavras, mas, pude ouvir os gemidos...... por favor me diga onde retiro minha carteirinha de Insana... Ou melhor: seria trágico se não fosse engraçado.... mas justamente hoje meu calcanhar está doendo...... cadê o sexo masculino, será que foram todos para o Planalto e é por isso que lá está essa bandalheira? Ou então vai ver que esses seus amigos são mais toscos do que os outros. Heheheh... Não se conquista Ursos mostrando os ferrões das abelhas, e sim oferecendo mel. Enquanto isso...Nero, observa Roma em chamas... e