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Mostrando postagens de setembro, 2007

Um sonho

Os sinos da catedrais tocavam incessantemente

A loira da minha vida

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Numa das tiras do gatão de meia idade do Miguel Paiva, o personagem observava as moças passando e comentava : existem mulheres morenas, loiras, ruivas...mas homem é tudo daltônico. Não sei até que ponto isso é verdade. Uma comédia da Marilyn Monroe dizia que os homens preferem as loiras e acredito que isso seja uma verdade, caso contrário por quê tantas mulheres, de todas as idades, tingem seus cabelos nas mais variadas tonalidades de amarelo, senão para atrair esses seres estranhos que se fixam na cor dos cabelos. Por outro lado, eu nunca me interessei por loiras. Só tive duas namoradas que não eram morenas e, mesmo assim, uma delas era ruiva (ruiva mesmo, cabelo naturalmente vermelho e um monte de sardas). Até cheguei a sondar uma ou outra de um castanho mais claro, mas minha fixação sempre foi por mulheres morenas. O que não significa que eu não tenha até hoje uma loira na minha vida. Eu a conheci em meados da década de 70 e nunca mais me separei dela. Na época era uma moça bem boni

De volta ao deserto

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Borges é, sem dúvida nenhuma, o meu autor favorito. Os contos são fenomenais (ou será que por serem fantásticos, são extra-fenomenais ?). Os ensaios e críticas são complexos e precisam de constantes releituras, nem por isso deixam de ser maravilhosos. As palestras publicadas em 7 noches são aulas maravilhosas sobre a vida, a arte, a poética. Poucos, no entanto, conhecem o Borges poeta. Ele não tem o lirismo de Neruda, nem a fluidez de Benedetti, seus vizinhos e contemporâneos. Algumas vezes é profundamente hermético, cheio de referências e símbolos. Lembro de uma vez, acho que no final dos anos 70 ou começo dos anos 80, a Folha de São Paulo publicou um poema inédito dele. Eu me apaixonei de tal forma pelo texto que recortei a página do jornal que tenho guardada até hoje dentro de um dos seus livros. Está bem amarelado, me traz boas e más recordações e continua atualíssimo, mesmo depois da décima milésima leitura. Admito que poucas vezes na vida eu tive a coragem de ser como Hierócles o

Para bom entendedor

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E que escr al defin qu fos, a mes tem, simp e absu. Fiq preoc qu mui pode nã ente, o pi, qu e acab sen ape ma u suje incompr. Diva pel bec d min intransig semân, perc a aveni d etimo. Aca m depar co mur ortográ, qua nã mui sintá. A fin reso qu ser u tex pe met, pa is ter d esco preferenc pala co u núm pa d letr, mes recorr a artif d us plur pa conve impa e par. Ne sem is fo poss, ent sem privil arredond qu foss favor ao leito. Mel sess a quar porc. Acon qu a pala tam nã pode se demasia lon, ca contr is facili a leit do neóf e nefeli, o qu contrar me dese. Tem est dispon ao mon, aque qu m sã car, ass co o bara. Pen e reto ques líri, român. Fic se sent. On esta o hum dis ? Pode reve misté, co nom d min ama, ain qu es se sobeja conh, at popu. Verd, di-s d pass, evi a crôn exte, aborr o tedi. Ol pe jan o cum nim qu cob o lu, se lu che ? Have estre brilh a lon ? Nã se previ meteoro. se qu es fr, Eó es ati, a umid cres. Mel pa tod nó. Acred qu o ma engraç replic min impec técn d mei pala no

Il nous faut de l'amour, n'en fût-il plus au monde !

Amours divins ! ardentes flammes ! Vénus ! Adonis ! gloire à vous ! Le feu brûlant vos folles âmes, Hélas ! ce feu n'est plus en nous ! Ecoute-nous, Vénus la blonde, Il nous faut de l'amour, n'en fût-il plus au monde ! Les temps présents sont plats et fades ; Plus d'amour ! plus de passion ! Et nos pauvres âmes malades Se meurent de consomption... Ecoute-nous, Vénus la blonde, Il nous faut de l'amour, n'en fut-il plus au monde !

O mais cruel dos meses

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Eliot escrevia no seu Terra Desolada (Waste Land) que Abril, início da primavera, é o mais cruel dos meses. Tensão entre o renascer da vida e o desejos que hibernaram durante o inverno. A tradução de Ivan Junqueira para o poema é brilhante, mas peca por uma falta de adaptação de hemisfério, deveria trazer o texto "Setembro é o mais cruel dos meses...", e colocar uma nota de rodapé explicando a tradução de April por Setembro. Aliás, nem precisaria de nota de rodapé nenhuma, qualquer leitor entenderia. Os que não entendessem é porque não têm a menor noção do que estão lendo. Nosso inverno definitivamente não é o inverno de Eliot, não ficamos debaixo de neve, não temos animais que hibernam (os sabiás, meus vizinhos, cantaram durante todo os meses de junho a agosto, e continuam a cantar loucamente), nem flores como as tulipas que brotam no meio do gelo. Nossa primavera provavelmente não deveria ser, como no poema, uma estação cruel, exceto pelo fato de que, no primeiro dia da est

Um dia inesquecível

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Muitos não devem ter percebido e a data passou em branco. Afinal, não é todo dia que se comemora um dia desses. Ah...você não faz a menor idéia ? Pois é, dia 22 de setembro foi o dia do amante. Claro, claro, eu entendo perfeitamente, você não tem um(a) amante e não poderia lembrar disso mesmo. Por outro lado se você deixar de lado a malícia e pensar que amante é todo aquele que ama. Logo, todos nós somos ou já fomos amantes. Portanto não deixa de ser uma data absolutamente universal, independe de sexo, idade, raça, cor e estado civil. Ops ! Pode ser que dependa de estado civil. No nosso folclore piadístico a figura do(a) amante é uma cena recorrente. Eu fico, aqui como marqueteiro que sou imaginando a possíveis situações. Como marqueteiro direto ainda mais. Onde será que se poderia conseguir um bom mailing de amantes ? Será que os motéis tem banco de dados ? Ou a joalherias ? Talvez o Flores Online. Preciso pesquisar. Qual será a melhor mídia para atingir esse público ? Mídia de massa

Desencaixotando insanidades

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Caixas servem para guardar tudo, algumas para sempre como os caixões, outras para serem rapidamente abertas, como as caixas de presentes. Caixas de mudança servem para surpreender. Para o bem e para o mal. Caixas que surgem no meio da sala com objetos que nem lembrava mais que existiam. Alguns, gostaria que não existissem mais e nem sei bem o porque de tê-los guardado (esperança ? masoquismo ?). Pior, alguns destes insisto em continuar guardando e passo a tarde procurando qual é o melhor lugar para tanto. Vou deixá-lo mais aparente ? Vou achar um buraco onde não o veja, apesar de sabê-lo presente ? Encontrei de tudo nas caixas. Por outro lado, algumas coisas que procuro, ainda não localizei. Minha casa parece a chácara do Chico Bolacha, onde o que se procura, nunca se acha. Achei fotos, agendas, cartas. Achei receitas, cadernos de poemas e até uma história em quadrinhos que fazia no ginásio junto com um amigo que desenhava meus roteiros. Achei programas de teatro e de concertos. Discos

Mudanças

Changes are taking the pace I'm going through

Eu bebi a água do Tietê

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Sábadão de manhã, as crianças ficam por minha conta. Cada sábado invento uma aventura diferente. As lições de casa sempre são uma fonte de inspiração, nesse caso havia um cartaz a ser feito a respeito do Rio Tietê (também conhecido em São Paulo como esgoto a céu aberto). Claro que eu poderia ter feito uma caminhada até a ponte da Casa Verde que fica aqui perto, ter tirado umas fotos e resolvido a questão. Mas quem disse que eu gosto de coisas simples e sãs ? Vamos para Salesópolis. Se você não sabe, Salesópolis é uma metrópole (tem só 2% da sua área total como área urbana) com um pouco mais de 15 mil habitantes e que fica a cerca de 100km de São Paulo. A cidade é internacionalmente famosa na região do Alto Tietê como sendo o local onde está a nascente do Rio Tietê, além disso, também é onde nasce o Rio Tietê e complementarmente tem como ponto turístico o parque da nascente do Rio Tietê. A saída de casa é tranquila, boné, garrafa de água, dinheiro para o pedágio e outras besteiras. São

Litíases amorosas

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Existem nomes bonitos por aí. Nefrolitíase e colelitíase são dois. São termos médicos para os chamados cálculos , nefro os renais e cole os da vesícula biliar. Litíase, como o próprio termo indica (litos = pedra) indica a forma popular desses termos : pedra nos rins ou pedra na vesícula. Nunca sofri de nenhum deles. As pedras dos rins, dizem, são mais doloridas que dores de parto (especialmente nos homens que nunca puderam comparar uma dor com a outra). As pedras da vesícula, geralmente, demandam cirurgia para a retirada e, pior, não é a retirada da pedra, mas da vesícula toda (se pode ser tirada toda, para o que é que ela serve ? Me lembra o tal do apêndice....mas essa é outra história). O que poucos sabem e nem tem sido objeto das pesquisas médicas é a influência das litíase nos relacionamentos amorosos. No entanto, tanto uma forma como a outra podem afetar bastante as paixões e os amores. Pense nas seguintes situações. O cara, depois de muito cortejar a moça, resolve se declarar. Co

Paideuma

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Segundo Ezra Pound, Paideuma é "a ordenação do conhecimento de modo que o próximo homem (ou geração) possa achar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar um mínimo de tempo com itens obsoletos" Eu estou de mudança. De casa. Na verdade nem é uma grande uma mudança pois vou me deslocar somente dois quarteirões de onde moro. Por outro lado, não deixa de ser uma grande mudança pelo tanto que tenho de carregar. Não muito dado a esse tipo de exercício, mudança de fato eu só fiz uma anteriormente pois nas que os meus pais fizeram eu ainda era muito pequeno e durante a bagunça as crianças iam parar na casa da avó e, quando casei, não foi mudança, mas montagem de casa. Claro que estou carregando meus quase 3 mil CDs e os meus mais de mil livros mas, lembrando Pound, eu pensei : e se eu pudesse escolher só 10 livros e discos para levar, o que eu carregaria ? Se eu tivesse de entregar para os meus filhos o meu paideuma pessoal, o que eu deixaria para eles ? A lista é abs

Escravo da alegria

Fantasia de todos os dias

47

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Conforme a gente vai avançando na idade é cada vez mais raro que ela seja um número primo, que é o meu caso nesse ano. O último foi há 4 anos e o próximo só daqui a 7.... e, claro, os números primos tem características muito especiais (e não estou falando de numerologia que, pessoalmente, acho uma besteira - já vou arranjar mais desafetos...). A mais importante é o fato de serem indivisíveis. Mesmo porque dividir por um não chega a ser divisão, e ser divisível por sí próprio muito menos. Não deixa de ser uma analogia interessante com a indivisibilidade do ser, exceto nos casos de esquartejamento, é claro. Por mais que pessoas se apresentem de formas diferentes, elas continuam sendo únicas. No meu caso pessoal, muitos estranham a mistura do meu lado sério com o meu lado humorado (ou mal humorado). Meu lado racional com o lírico. O religioso com o científico. Como se qualquer uma dessas facetas fosse incompatível com as demais. Não vou nem falar nas possíveis percepções de esquizofrenia,

O dia dos meus anos

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(apud Álvaro de Campos) No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz entre os vivos de então. Na casa paterna, meu fazer anos era uma tradição , assim como os da minha irmã E a alegria de todos, e a minha, estava certa como a minha convicção. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a felicidade de não perceber coisa nenhuma, De ser o primogênito da família, E de não ter as desilusões que os outros tinham por mim. Quando vim a ter desilusões, já sabia ter esperanças. Quando vim a olhar para a vida, já era uma nova vida. Sim, o que sou de suposto a mim-mesmo, O que fui de coração e parentesco. O que fui de histórias na cadeira do pai, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui — vão-se os anos, o que só hoje sei que fui... Há quanto tempo.... (Nem o acho...) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a claridade no corredor do fim da casa, Pondo calor nas paredes... O que eu sou hoje (e a casa dos que me amam treme atra

Crise de ciúmes

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Fazia muito tempo que eu não enfrentava uma crise de ciúmes. Acho que desde os tempos que eu era solteiro, e olha que esse tempo vai longe. E, desde aquele tempo, eu nunca soube lidar muito bem com esse sentimento, admito que seja uma falha grave na minha formação amorosa. Acredito que, pelo fato de eu nunca ter sido um cara ciumento, eu nunca consegui entender muito bem a que se referia esse tipo de reação. Para mim, se a pessoa confia em você ela não precisa ter ciúmes. Se não confia, não adianta mais nada ter ciúmes. Uma vez, pesquisando sobre outro assunto, descobri que o ciúme é classificado como paranóia, uma entidade clínica caracterizada, essencialmente, pelo desenvolvimento de um sistema delirante duradouro e inabalável onde, apesar desses delírios, há uma curiosa manutenção da clareza e da ordem do pensamento, da vontade e da ação, ou seja, ao contrário do que se pode imaginar é um delírio bem organizado, ainda que apoiado numa idéia falsa não sujeita a discussão racional. O

Alicidades

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Alice é uma amiga mais do que especial, isso vocês já sabem desde que escrevi "O sorriso do gato de Alice" (e se não leram, leiam antes de chegar a conclusões moralistas). Foi nesse texto também que mencionei o fato de que ela escreve muito bem, mesmo quando alega que perdeu a mão...(Alice - vai perder a mão bem assim no Recreio dos Bandeirantes !!). Um dia, totalmente à sua revelia, comecei a colecionar preciosidades dentros dos textos que ela publicava que eu denominei "Alicidades" e deles compus um jogral poético. Como vocês já demonstraram que para bom entendedor um décimo de palavra basta, não vou dar o roteiro de quais são as frases dela e as minhas no poema. Divirtam-se na procura. A noiva lua sobre a pele mesmo que coberta por um belo véu, Destelhando sonhos , sonhando temas no papel, Procura nos teus olhos cristais de areia e mar Que lágrimas não vão ocultar Porque não cabe ao meio pousar no caminho querendo tomar o lugar do ponto final Não existe estação

Sem arrependimentos

Avec mes souvenirs je allume le feu Mes chagrins, mes plaisirs, je n’ai plus besoin d’eux

Ad abúlica caterva

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Ad abulica caterva Quando a barafunda se locupletou de solecismos infames, o seródio citadino começou a vociferar de forma abúlica. Nada seria mais deletério que tal acrisolamento mendaz. O arlequíneo pulveráceo tão pouco exerceu seu antagonismo nem suas práticas orizófagas. Em meio ao ribombar dos vulcões ariscos o prostídeo nefário perpetrava sua parenética de sulfúreos ódios. Ad caterva, ad caterva campeavam sofismas e solilóquios salazes. Por quê ? Por quê ? clamava o estíolo, clangorejando o opíparo. Serão lúbricos ? Serão píreos ? Porque será que avocam açodados os méleos onustos da minha estroinice. Mesmo que eu ababelhe os silogismos, nada será achaparrado por heliófagos seródios. Nunca meu epicínio campeará sofismas, nem a vil coorte egazeará onustos mordazes. Terei eu de acepilhar délios insidiosos ? Serei capaz de avocar um beligerante episódio ? Me deblaterarei entre anacrônicos férulas. Avocarei os álacres estíolos açodados por suas palúrdias coortes. E quando a mão do fad

Outra traição

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Alemão, como diria uma velha piada, para mim é grego. Não me mande originais de Goethe e Schiller por que eu não vou ler. Sou totalmente dependente das traduções ou pelo menos de uma áudio descrição (está vendo como não é só para as pessoas cegas MAQ ?). No entanto, a minha mais velha amiga (no tempo de amizade, não da idade dela), estudou, morou, casou e descasou na Alemanha e, com ela, eu acabei aprendendo algumas palavras. A minha preferida sempre foi Fernweh, uma palavra intraduzível que significa algo como a saudade do desconhecido, ou saudade daquilo que não aconteceu. E não é expectativa frustrada. É um estado de alma, de certa forma melancólico, mas não triste, diferente de outra palavra Schwermut que signifca estar com a alma pesada. Uma vez ela me apresentou um poemeto medieval chamado Dû bist mîn : Dû bist mîn, ich bin dîn: des solt dû gewis sîn. dû bist beslozzen in mînem herzen: verlorn ist das slüzzelîn: dû muost immer drinne sîn. (Existem versões em alemão contemporâneo,

200 km de paixão

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Deu hoje nos jornais : ontem, véspera de feriado, por volta das 18h , 200 quilômetros de congestionamento em São Paulo. Isso mesmo, 200 mil metros de carros perfilados, isso porque a CET só faz a conta em relação às principais vias da cidade. Se pensarmos que cada carro tem cerca de 3 metros, são quase 70 mil veículos. Duas pessoas em média por carro (devia ser mais, o pessoal saindo para o feriadão), 140 mil seres humanos presos no trânsito. Eu fiquei imaginado quantos coisas seriam possíveis se fazer numa situação dessas. O menino solitário deve ter ligado o rádio tentando encontrar caminhos alternativos. A menina solitária deve ter ligado o rádio, que alternativa ? Casais separados pelo trânsito ficaram na expectativa que o outro não chegasse antes ao encontro marcado. Pais e mães solitários devem ter passado o tempo pensando nos filhos de malas prontas. Amigos juntos papearam sobre o dia e a vida, mas o trânsito estava tão ruim que, em algum momento deve ter acabado o assunto. Por

Paulistíadas

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Todo mundo já passou algum momento pelos Lusíadas, por curiosidade, deleite ou obrigação. Eu passei por obrigação no meu primeiro ano colegial. E digo obrigação não porque não goste de poesia, ou porque tenha algo contra Camões, mas porque meu professor de português (Jorge Miguel) era tarado pelo livro a ponto de sabê-lo de cór (10 cantos, 1102 estrofes de decassílabos em oitava rima), e passou o ano inteiro falando disso como se todo resto da literatura da língua portuguesa não existisse. Quando lembro dessas coisas acho que minha insanidade é ultra light - como tem gente esdrúxula no mundo... Desde a armas e os barões assinalados que passaram ainda além da Tapobrana, a história do gigante Adamastor, a Ilha dos amores e a profecia da Sirena, os episódios se seguem no seu estilo pesado e repetitivo. No canto III aparece o desafortunado romance de Afonso e Inês de Castro, cuja estrofe mais conhecida é : Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruto, Naquele eng

Outro aforismos inconsequentes

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Era uma pessoa sem ambiguidades nem paradoxos, ou seja, uma chata. Se o espermatozóide e o óvulo são células vivas, a vida não começa, apenas continua. Em qualquer situação da vida as semelhanças são mais relevantes que as diferenças. Reconhecer a ignorância é um esporte radical que exige muita coragem. Ela passou por mim como um furacão. Rápida, violenta e causando estragos. O nosso mal-de-siécle atende pelo nome de paranóia. Não há nada mais exagerado que o excesso. Barato é uma palavra barata.

And you said "So long"

Passado e presente. Uma mistura quase inevitável

Confesso que traí

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Não conheço nenhum crime que não seja passível de perdão ou justificativa. Ladrões podem alegar que passavam necessidade. Assassinos, legítima defesa. Mentirosos, constrangimento ilegal. De todos os crimes, no entanto, ninguém perdoa a traição - de qualquer espécie. Ainda que alegue que perdoou, nunca esquece, e o fato sempre é lembrado quando necessário. Trair é algo considerado tão sério que a traição contra a pátria é chamada, no código penal militar de alta traição (não, não existem nem a baixa, nem a média traição). A religião, seja ela qual for, sempre tem um caminho de perdão ou reparação de faltas e pecados, mas trair a fé é indesculpável, tem até termo específico : apostasia. Já houve um tempo que maridos traídos matavam as mulheres infiéis em nome da honra - o crime do assassinato era considerado menor que o crime da traição (só para um lado é claro...se a mulher matasse, iria para a cadeia). Aliás, esse é o cerne da questão. Outros crimes podem atingir bens materiais, ou o c

Macho macho man

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Fazendo o exercício de compilar a primeira antologia de comentários do blog eu já tinha notado isso. Hoje uma amiga me chamou de novo a atenção : tirando o Lou Mello, todos os comentários são de mulheres. Onde diabos se enfiaram os homens ? Comecei a cogitar hipóteses, algumas referendadas pela minha psicóloga de plantão. Outras ainda estão sub judice. Você teria a sua hipótese? A primeira dela é que efetivamente existem mais mulheres que homens no mundo. E, pelo menos em uma das atividades que eu transito, a educação, elas são presença maciça. Ok, tudo bem, você venceu, batatas fritas...mas nem tanto. Eu não participo só de grupos de educação. Em marketing ainda existem muitos homens (a caminho da extinção, mas ainda muitos). As minhas listas de amigos virtuais (Multiply, Orkut) têm vários homens. A minha lista particular de amigos se distribui quase equitativamente entre os sexos. Por que só as mulheres falam ? E esse fato não se limita aos comentários postados, mas também aos e-mail

Me enforcando com Lady in satin

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Billie Holiday não teve vida fácil. Desde uma infância complicada a uma vida adulta que foi um coquetel de bebida, drogas e homens oportunistas ela sempre caminhou no fio da navalha da tragédia, até a sua morte de cirrose aos 44 anos. Mas era uma cantora excepcional. Seja em músicas de caráter anti-racista, como Strange Fruit (onde a fruta estranha se refere aos negros enforcados em árvores no sul dos EUA), seja para cantar amores mal resolvidos. Definitivamente não é uma cantora para se ouvir quando se está na fossa. O buraco só vai afundar e o risco de enforcamento por depressão amorosa é inevitável. Lady in Satin é provavelmente o mais bonito dos seus discos sobre amor não correspondido. Do começo ao fim é impossível conter as lágrimas. Ela começa dizendo que é uma tola por querê-lo já que seus beijos não seriam só dela e , em seguida pede pelo amor dos céus que ele a ame. Mas ele não vai saber o que é o amor se não souber o significado do blues... Pelo jeito ele não sabe. Então, n

Mephisto

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Felina. Seus olhos brilhavam alegres ao ver as fotos de que ouvira falar tanto. Sequer percebia o que se passava ao redor. O cachorro olhando pela janela. O disco que tocava um antigo musical. Ele a admirando em silêncio. Era uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo e se deliciava à exaustão na pesquisa de todos os seus recursos. No fundo do quarto dois olhos caminhavam silenciosamente. Escorregavam entre os móveis, paravam embaixo da cama. Calmos, não imaginavam o que se passava na sala. Adormeciam. Acabavam de chegar de uma frustrada ida ao cinema. Resolveram voltar para casa. Rever fotos. Para ele, uma forma de lembrar tempos mais felizes. Para ela, um jeito sutil de conhecê-lo melhor. Ela virava as páginas do álbum compassadamente. Às vezes parava e conversava um pouco. Não queria dar a impressão de estar interessada demais. O volume da música acordou Mephisto, fazendo-o sair de debaixo da cama e caminhar em direção à escada. Desceu sonolentamente. Olhos embaçados de que

Antologia de Agosto

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Hoje não vou ser nada original...(nem sempre isso é imprescindível), apenas publicar a minha antologia pessoal dos comentários de Agosto. A seleção é, obviamente, discriminatória, gente estranha costuma ser assim mesmo : não porque mutações não sejam bacanas , apenas porque mudar lhes tira o conforto da mesmice. Que se cruzem e se descruzem muitos genuflexos.. hoje são patelas...estranho, lembram pata com sei lá o quê... hahahha, tb passei da idade... espinhas são combinações para uma roupa amarela ou são vulcões prontos a eclodir??? depende do tamanho dos meus dez minutos... Pofff!... Sabe que som é este? Eu caindo para trás e batendo estatelada no chão...rs Corre Alice, corre..., os ponteiros do relógio não tem descanso, se quer descobrir muito mais, corre pela vida... Mas agora você precisa colocar os poemetos com o A,I,O e U. "E" de endoidou???hahahahaha ah .. eu me atrevo a dizer que só se passaram 20 minutos dos 30 anos. meu pc não abre video...rsrsrs...vou tentar telep

Sensualidade, erotismo e pornografia

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Não imagine que num blog insano você vá encontrar a semântica ou a etimologia desses termos. Não sou linguísta e, mesmo que fosse, isso seria muito chato. Nesse espaço eu quero que você se divirta. Mas gostaria deixar exemplos da mais pura sensualidade e daquilo que eu entendo por erotismo (pornografia, se for do seu interesse, é fácil de achar pela Internet ou na banca de jornais da esquina). Uma, ou melhor duas, são cinematográficas : de um lado o strip tease mais sensual do cinema, Gilda (Rita Hayworth) cantando "Put the blame on mame" e tirando toda a... luva (ah...só uma luva), de outro Cyd Charisse, a circunspecta inspetora Ninotchka Yoschenko, dançando com uma par de meias de seda, em Silk Stockings . Outra pérola do erotismo é um poema de Drummond (que também escreveu um livro de poemas eróticos que, na minha opinião, salvo dois ou três poemas, é muito chato e vulgar), num texto que diz tudo sem dizer absolutamente nada, aliás recomendo que você não procure o signifi