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Mostrando postagens de agosto, 2007

Don't Think, Twice It's All Right

Túnel do tempo. Juntos com Joan Baez, os melhores intérpretes do Bob Dylan folk. A letra merece ser ouvida com toda atenção.

Infância : doce sabor de amora

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Cheiro de amora e sonho. Amora senha. Amaro signo. Geléia de amora comprada em feira. Amor a feira. Ferida flor. Cidade. Doce substituta.Você passa geléia na torrada, aristocráticamente, apressadamente. Limpa a gota vermelha de sumo e suco. Sangue em guardanapo de linho. Gota de geléia que escorre dos lábios para o queixo. Pressa e passa à porta para o trabalho.Roupa burocrática, rosto impassível. Observa o impossível. Manchada confunde a mancha e o trânsito. Hora certa, rumo certo, trabalho certo. E amoras. Amoras amargas. Amara amora. Boca cor de sangue. Cor de sonho. Pé de amora. Pé e tronco tintos tanto compreendiam segredos, degredos, medos. Gritos de raiva e rios de riso. Abraçados abraçando as lágrimas em folhas, força e tronco. Relembrança. Esperança. Avô ajudando a plantar num canto da chácara. Contos de fadas, reino de fantasia, fantasmas, bruxos, magos. Primos, primas, pais, poemas, panos, peças, enlouquecer maravilhosamente. Mãos negras e estrelas enfeitiçando o espaço . Ca

Duas ou três coisas

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Muitos meninos se apaixonaram pela sua primeira professora. Eu sempre fui um menino póscoce (não, não procure essa palavra no dicionário, você não vai encontrar) então só fui me apaixonar por uma professora no segundo ano da minha segunda faculdade. O nome dela era Nina Rosa, pequena, cabelos curtos, óculos. Era professora de Língua Portuguesa III & IV . Não era modelo de revista, mas era doce, engraçada, atenciosa. Ela me introduziu (leia o resto antes de tirar conclusões) ao mundo da síntese poética, das aliterações e, especialmente aos livros de Roland Barthes. Claro, o amor sempre foi platônico e unilateral (um colóquio unilateralmente sentimental ?). Mas não deixou de ser declarado. Entre os muitos exercícios de redação que fiz durante esse ano de convivência semanal, um deles foi o poema abaixo. Não lembro da nota (costumavam ser boas) e nunca houve nenhum comentário adicional. Duas ou três coisas que não sei a respeito dela Menina que atrás dos óculos Me nina Embalando idéia

Memória amorosa patológica

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Todos nós temos memórias afetivas e amorosas , boas ou ruins. Algumas nós gostaríamos de perpetuar, outra de esquecer de vez. Em ambos os casos, elas insistem, de tempos em tempos, a reaparecer na nossa cabeça provocadas por pequenas referências do dia-a-dia que nos remetem de volta ao passado. Existem inclusive caso que foram absolutamente trágicos no passado e com o passar dos anos se tornaram cômicos (pelo menos para mim, não sei como continuam na memória da outra pessoa). Outro dia me lembrei de uma situação amorosa-patológica da qual fui personagem. Eu estava cortejando (eu avisei que a minha terminologia era anacrônica) uma garota fabulosa : inteligente, bonita, elegante. Aquele tipo que você encontra uma vez na vida. Melhor, ela dava sinais que estava correspondendo : sempre falava comigo, aceitava meus convites para sair e até me escrevia. Tudo corria às mil maravilhas. Aliás, corria bem demais. Depois de alguns encontros sem contato físico, um belo dia aconteceu o primeiro bei

Nesta caverna o convite é sempre igual

Para a Deyse, cujo coração sempre é novo.

Hai Kais sobre um tema proposto

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Não posso sonhar Como se chuva fosse Primeira rosa Não devo cantar Letra morta sem calor Silenciosa Não preciso ver Teu gelado desprezo Falaciosa Não mereço ser Relâmpago nas costas Impiedosa Não quero pensar Por uma névoa fugaz Felicidade * Haikai (Haïku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, surgida por volta do século XVI, que valoriza a concisão. O haikai é a arte de dizer o máximo com o mínimo. Cada haikai capta um momento de experiência, um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida. O grande mestre haikaista foi Matsuô Bashô (1644-1694). É um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, com dezessete sílabas poéticas (sendo cinco no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro), e com uma referência à natureza expressa por uma palavra (o chamado kigô), que deve representar também a estação do ano.

Aforismos inconsequentes

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Não existe nada pior para o presente que a permanente preocupação com o futuro. A intolerância do vizinho sempre é mais verde que a nossa. Nenhuma história de amor da literatura sobreviveria sem a precisa geometria dos triângulos. Os sonhos são memórias daquilo que gostaríamos de ter vivido O objetivo de toda ONG ao ser criada deveria ser sua auto-extinção. Ética, nos olhos dos outros, é refresco. O falso libertário sempre causa mais danos que o falso moralista.

Criaturas da noite

E algumas do dia também

Poemeto em E

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Ela Estava Estática Era Enamorada Errada Então Esteve Enigmática Esqueceu-me Explicitamente Eternamente Escrito há trinta anos....como se fosse há 20 minutos.

O sorriso de gata da Alice

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Em 1986, Anne Bancroft (linda como sempre) e Anthony Hopkins (nada assustador como costumava ser) protoganizaram uma pequena jóia do cinema chamada "84 Charing Cross Road", pessimamente traduzida (como sempre) em "Nunca te vi sempre te amei" (o que já conta o desfecho da história....como na tradução do filme de suspense que virou "O assassino era o mordomo") Quem nunca viu, veja. Procure nos sebos, nas video locadoras que tem filmes de arte. É a história da correspondência (por carta de papel, selo, correio....) entre a escritora Bancroft, em Nova York e o livreiro Hopkins em Londres (o nome do filme é o endereço da livraria). É a história de uma grande paixão. A paixão comum que os dois tinham pelos livros. Sempre que troco mensagens com a minha amiga Alice eu me lembro dessa história. Não a conheço pessoalmente (claro que, em tempos de Internet, nós temos a vantagem de já termos visto um ao outro em fotos dos álbuns virtuais) mas, em alguns momentos, é

Já não sou mais um barato

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A adolescência é um período maravilhoso e pavoroso das nossas vidas. Se, de um lado, nos deparamos com uma infinitude de novidades, paixões e sentimentos, aos mesmo tempo nos frustramos com a incapacidade de colocá-las em prática da forma que as idealizamos. Descobrimos que o mundo está cheio de coisas que desconhecíamos durante a infância. Mas também que não temos, ou nunca teremos acesso, á maioria delas. Nos apaixonamos perdidamente a cada 3 dias, e levamos um fora a cada 2 dias e meio. Os hormônios em fúria provocam acessos súbitos e repentinos com finais solitários. Revirando meus alfarrábios desenterrei um poemeto bem idiota que eu escrevi quando tinha 17 anos, chamado Sofisticação Anti-Lírica ao qual meu amigo Paulo Ricardo subtitulou de “Leia-se : já não sou mais um barato” (você precisa ter mais de 40 anos para entender o que era ser um barato). O poema dizia o seguinte Sou um ser cataclítico Complexo e burro. Sou um sujeito incapaz paradoxal e tolo Sou supinamente incogniscív

Show Ana Carolina - Rosas (Canecão 22/07/2007)

Rosas

As rosas são uma constante na nossa vida lítero musical amorosa. Desde as rosas mais trágicas como a de Hiroshima, até as mais pops, como o Samuel Rosa... Olho a rosa na janela Sonho um sonho pequenino Se eu pudesse ser menino Eu roubava aquela rosa E ofertava todo prosa À primeira namorada O mais interessante é que apesar da rosa dar nome a uma cor, muitas cores dão seus tons às rosas. Não sei se originalmente as rosas só eram cor-de-rosa e foram se transformando no processo evolutivo ou de brincadeiras transgênicas. Minha escolha pelas vermelhas é sempre intencional. Não me agradam as rosas brancas, me passam um imagem funesta e lúgubre. As amarelas são bonitas, mas o que diz o amarelo ? Só se minha intenção fosse relembrar alguma indiposição de fígado. Existem rosas cor de champagne. Lindas. Mas são aquelas que a gente oferece para a mãe, ou para uma tia velhinha. As rosas rosas também são bonitas, talvez pelo meu momento atual, eu as ache infanto-juvenis. As vermelhas...ah...as ver

Genuflexo

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Genuflexo Era só mais uma daquelas mensagens que a gente recebe todo dia em nossas caixas postais eletrônicas : “fulana publicou um novo post no seu blog falante”. Existem mensagens e mensagens, da mesma forma que nem todo fulano é um simples sicrano e algumas fulanas são mais beltranas que as outras resolvi abrir. Cliquei no link e caí de joelhos. Literalmente. A mensagem era uma foto com uma frase. Mas não era uma foto qualquer, nem uma frase roubada de alguma compilação googlada. Entre os joelhos se entrevia o mundo e, antes que você meu leitor comece a ter delírios pornográficos eu já aviso que a visão era exógena. Passava pelos joelhos refletindo luz e continuava em direção à janela. A frase de uma simplicidade e concisão assustadora. Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. A conjunção da imagem com aquelas 6 palavras dizia muito mais que as mil e seis possíveis. Não sou dado a fazer muitos comentários em blog, mas postei um trecho de um poema do Helvécio Goulart que dizi

Manifesto mutantista

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Não existe mudança que não seja marcante. Ou não é mudança. Mudar é romper as estruturas que são estabelecidas. Mudar a fachada de uma casa não muda sua função enquanto casa. Mudar, efetivamente, implica em derrubar paredes, dinamitar alicerces. Alterar a concepção de uso do espaço. As mudanças que marcaram a história foram além de trocar fachadas. A mudança política é uma farsa. É substituição de fachadas. Mutantismo é revolução permanente. Desestabilização dos sistemas estéticos, filosóficos, sociais e políticos. Desestabilização do sistema mutante. Novos modelos criados pelo mutantismo devem ser combatidos a partir da sua criação, por outro modelo a ser destruído em seguida. Combater modelos não é contra-revolução. Fora a alternância de poderes e a recuperação de antigos moldes. A fama por 15 minutos. A estrutura por 15 dias. Idéia A, destruída por B, ridicularizada por C. Nào importando quantos alfabetos precisem ser criados. O mutantismo só atingirá o ideal quando ele mesmo for de